Novo Ciclo

Às vezes minhas postagens já vem com título. A de hoje seria "fechando um ciclo". Mas minha expectativa é tamanha que é maior que a saudade daqueles que deixo.
Trabalhava numa unidade da prefeitura onde, por motivos inescrupulosos, acabou se tornando insustentável minha permanência lá. E, fazendo as contas agora, percebo que foram nove meses desde que a situação se agravou. Uma simbólica gestação.
E, tirando três colegas de trabalho, só lamentei deixar meus pacientes. Em particular, dois grupos de gagueira de pré-adolescentes e de crianças pequenas. Este último fez um vínculo muito forte comigo e eu senti um estranhamento com a nova fono - que é uma graça de menina. Então eu fiz uma apresentação musical com as mães, as crianças e ela, com uma música do Gonzaguinha que a Maria Rita gravou, "O Homem Falou". Ficou bacana, o sambão animou a turma. Até demais... As crianças ficaram muito agitadas, tive que 'apagar o fogo" da turminha.
Dos mais velhos, acho que fui quem vinculou mais. Com eles eu fiz um coral lindo, com uma música mais linda ainda do Almir Sater, chamada "Tocando em Frente". As crianças cantavam o refrão: "conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs, é preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir..." Os homens cantavam uma estrofe e as mulheres a outra. Pra mim, foi uma despedida emocionante, porque cada verso descrevia o que eu sentia. Compreendi que precisava ir embora, do mesmo jeito que eu cheguei um dia, senti-me até feliz, porque voltaria a ter paz pra sorrir.
E por último, eles cantaram o que julgo ser o mais importante:

"Cada um de nos compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz"

Eu estou às voltas com dois grandes novos projetos profissionais. Empolgada e assustada. Adoro desafios. Terei saudades dos meus pacientes. Mas tenho a certeza de que fiz a diferença para cada um deles. Missão cumprida. Aguardo minhas novas carinhas! :-)

"Gente espelho da vida, doce mistério"...

Adagio

Hoje é Dia dos Pais. Vou ligar pra minha mãe, para cumprimentá-la. Meu pai morreu há 15 anos, mas, mesmo em vida, a paternidade não era o seu forte. Ok, ninguém é perfeito e minha psicóloga há de voltar a ganhar um dinheirinho comigo, talvez ano que vem.
O que me faz escrever hoje é o CD do Beirut, "The Flying Club Cup". Pra quem não sabe, este grupo tem uma música - "Elephant Gun" - que ficou muito conhecida com a minissérie "Capitu".
Pra mim, este cd é lindo. A melodia é muito rica, com vários instrumentos de sopro, corda, percussão, meio Idade Média, meio México, meio Radiohead, meio Coldplay e umas falas em francês, deliciosas. E a voz do vocalista também me encantou. Com tal trilha sonora, fica um pouco mais fácil escrever que minha intenção não era escrever hoje.
Eu queria sair para dançar ontem. Rock, música eletrônica, muito ritmo e luz. Pra chacoalhar de olho fechado e ver se eu esqueço dos problemas. Nem sempre podemos resolvê-los. Eu acho.
Hoje eu queria um almoço especial e ir no cinema ver o documentário do Caetano. Ou então conversar. Mas queria que alguém me ligasse, que meus contatos clicassem pra falar comigo. Tô meio mimada... Estou passiva, quase pacífica.
Ontem eu não dancei. Tudo bem, a grana tá curta. Mas hoje eu não gostaria de fazer o que não quero. Escrever ajuda a não cumprir a profecia autorrealizada. E a descobrir como me desamarro.
Tá apertado aqui...

Tédio?

Há uma urgência irritante em se fazer qualquer coisa de vez em quando, que não é que eu não me reconheça.
É que eu não me aguento!
Sorte que passa...