Que bom que você veio!

A internet é um lugar incrível. Meio praia, porque reúne todas as tribos, meio coração de mãe, porque "sempre cabe mais um" - mesmo que você não use aquele desodorante da antiga propaganda... E-mail cá, e-maile-eu aqui. Utilizando um meio de comunicação que atinja todas as pessoas... Que quiserem serem atingidas! Acertei?

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Uma coisa que escapa

Algo escorre entre os dedos e me assusta.

Assusta porque não tenho controle.

Assusta porque parece uma perda.

Assusta porque não sei o que é.

Algo me escorre entre os dedos.

Frio e fluido como água. Um tempo que nunca mais volta.

Algo me escorre pelos dedos e me abandona lentamente.

Esse começo de um fim me congela, paralisa e apavora.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sempre

Sorri.
Abraça.
Beija.
Fala.
Olha, olha, olha...
Flutua.
Inspira.
Brinca.
Divide.
Confessa.
Corre.
Foge.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Um espaço intenso

Um buraco de silêncio é vazio.

Vácuo.

Ausência.

Nega-ação.

Um nada.

Um buraco de silêncio é fundo.

Escuro.

E úmido.

Fértil?

Potência?

Devir?

Sonho?

"O sonho é uma realidade"

E o que é realidade?

sábado, 23 de fevereiro de 2013

É que o amor não se dissolve assim

Até o fim

Arnaldo Antunes / Cézar Mendes 

Se a gente não sabe se ama
Se a gente não sabe se quer
Não vai saciar essa chama
Se não decifrar o que é


Se algo entre nós se insinua
E doce tontura nos traz
O que delicia tortura
E não dá descanso nem paz


É que o amor não se dissolve assim
Sem dor
Se não for
Até o fim


Se a gente não sabe se ama
E não se decide que quer
A dúvida não desinflama
Enquanto a gente não se der


Se algo entre nós se insinua
E não se disfarça sequer
Não dá pra deixar pra outro dia
De outra semana qualquer


É que o amor não se dissolve assim
Sem dor
Se não for
Até o fim 


© BMG / BMG 

"TUA", Maria Bethânia, Biscoito Fino, 2009

BR-PUI-10-00663, CD duplo "Amor festa devoção (ao vivo)", Maria Bethânia, Biscoito Fino, 2010 o fim



BR-PUI-10-00663, CD duplo "Amor festa devoção (ao vivo)", Maria Bethânia, Biscoito Fino, 2010

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Porque já se atingiu o limite...


Menininha Triste

Sente-se ali, hmm, conte em seus dedos.
O que mais, o que mais há pra se fazer?
Oh, e eu sei como você se sente,
Eu sei que você sente que já atingiu seu limite,
Oh ah wah ah sente-se ali, hmm, conte,
Ah, conte em seus dedinhos.
Minha infeliz, oh, menininha, menininha triste, yeah

Oh sente-se ali, oh conte aqueles pingos de chuva
Oh, sinta-os caindo, querida, por toda sua volta,
Querida, você não que está na hora?
Eu sinto que está na hora,
Alguém te disse, porque você tem que saber
Que tudo com o que você vai ter que contar,
ou em que vai querer se apoiar,
Vai se parecer exatamente com aqueles pingos de chuva
Quando eles estão caindo, querida, a toda sua volta.
Oh, eu sei que você está infeliz.

Oh sente-se lá, ah, vá em frente, vá em frente
E conte em seus dedos.
Eu não sei o que mais, o que mais,
Querida, você tem para fazer.
E eu sei como você se sente
E eu sei que você não tem nenhum motivo pra seguir em frente
E eu sei que você deve ter chegado ao seu limite.
Oh, querida, vá em frente e sente-se de volta agora mesmo.
Eu quero que você conte, oh, conte em seus dedos
Ah, minha infeliz, minha desafortunada
E minha pequena, oh, menina triste.
Eu sei que você está infeliz,
Ooh ah, querida, eu sei,
Querida, eu sei, exatamente como você se sente.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Com-portas abertas

Ai o amor que não cabe!

O amor que invade.

E que arde...

Mesmo que tarde.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Algumas opções

Sublime
Suprime
Sublinhe
Suspire
Sustente
Sussurre
Surte
Surre
Sucumba
Se vira!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Bicho assustado

Quando um gato está acuado, ele agride. Arranha, bufa, morde.

Mas antes ele tenta fugir de todas as maneiras, talvez por isso acabe se encurralando.

O gato está vulnerável, à mercê de outro ser cujas ações ele não entende.

Se ele consegue se esconder, nada o tira do lugar. Passa dias e noites. Sem água, sem comida, sem luz. O quanto seu corpinho felino aguentar.

Essa miniatura de leão, mais parece um ratinho...

A única coisa que ele precisa é confiar. Reconhecer que não lhe farão mal. Sentir no ar cuidado e atenção.

Então ele sairá lentamente. Pata por pata; à espreita, mas confiando. Gestos vagarosos, olhando pra todos os lados.

E encontrará uma mão estendida. Que também vai se esticando lentamente, estirando cada fibra muscular, dedos levemente dobrados, quase que em posição de repouso.

A mão é um sinal de que está tudo bem. Uma bandeira branca, um chamado: pode vir.

O gato quando olha e confia nessa mão se aproxima dela. Seu focinho úmido e gelado encosta nos dedos, empurra com a cabeça levemente a mão e passa a boquinha nesses dedos, chegando a mostrar as potentes presas. Que escolheu não usar.

Sim. A confiança se estabeleceu. E é mútua.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Um pouco de magia

Se eu pudesse, chovia flores em você. Minúsculas, rosas e amarelas.

Elas cairiam pelos seus ombros, se prenderiam nos seus cabelos, grudariam na sua camisa.

Cada flor que ficasse seria um pequeno aviso que você imediatamente compreenderia:

Não tenha medo da chuva, não tenha medo daquilo que pode viver, não tenha medo do que está fora de controle - não existe controle - não tenha medo se nada acontecer, não tenha medo de se aproximar.

Você sorriria feito criança se desvencilhando das florzinhas e a alegria que invadiria seu coração se transformaria em coragem.

E amor.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Nada de palavras

Abre a caixinha delicadamente.

Sente o perfume de baunilha e chocolate.

Tire apenas o sonho que quer.

Veja quantos papeis pequeninos, coloridos e metalizados completam a linda caixinha e a feche com cuidado. Ouça o som abafado do veludo que forra seu interior no instante que a tampa encontra a caixa.

Assopre o sonho-dente-de-leão em direção ao rosto do seu amor.

Beije-o após fitá-lo longamente com um sorriso de agradecimento.

Vivam...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Performance

Faz o café. Toma o café.
Escova os dentes. Tira a camisola, põe o vestido..
Arruma o que está por fora.
Culpa-se. Lamenta-se. Ninguém vê.
Executa há anos a mesma performance, intitulada:
"Nunca desmorone."

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Chuva de água salgada

Da gota que escorre pela cara, entra no nariz, se perde na boca, desce pelo pescoço e pinga no colo, no joelho, no vestido, na mesa, no papel, no teclado, vem a verdade tão esquecida, escondida, ignorada:

Ninguém controla nada.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Por mais que doa

Há que se expor.
Há de se ouvir.
Há que entender.
Doar e doer.
Dobrar e tecer.
Agir e criar.
Crescer.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

"Eu não vi..."

Que a queda do cavalo lhe sirva de lição:

A prioridade passa longe da cabeça.

Qualquer assunto tem mais importância.

Porque só se vê o que interessa...

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Nada pior do que não fazer nada...

Às vezes não se pode fazer nada. Mas o que é não fazer nada?
Como não reagir? Só olhar, nada falar?
Como é que se equilibra esse paradoxo: fazer nada?
Porque fazer é ação e nada é seu contrário.
Fazer nada, portanto, beira as raias do impossível.
Deixar o tempo passar, o barco correr.
Olhar o mar. Olhar da janela.
Espectador
Expectativa.
Esquisito.
Estranho.
Estanque.
Não fazer nada é aceitar dolorosamente.
Que não somos nada.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Proteção: uma dobra do fora, vida

Afastar é fazer dobra.

Calar é fazer dobra.

Parar é fazer dobra.

Dobrar é criar espaço. Para ser preenchido. Para aerar. Para sustentar.

Dobrar é criar marcas para transitar.

Dobrar é mudar a direção de um plano para enfraquecer algo, desacelerar.

Dobrar é manter distância para observar.

E, lentamente, se des-pedir.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Uma raiz da dor

O sangue precisa da veia.

O órgão precisa do osso.

O músculo precisa da pele.

Cada um com sua membrana.

Várias delas, camadas.

Tênues, frágeis, transparentes.

Vitais.

Dobras no tecido-vida.

Proteção.

Tecido sem dobra não tem aderência.

Não se segura em superfície.

Escorrega. Cai.

Suja. Rasga.

Dói...


Pedro falou, tá falado!

E ele diz do alto de seus oito anos:

- Mãe, tirando gente, qual a coisa que vc mais gosta? Igual a armário, flor, montanha?

- Pode ser música? - Ela responde perguntando.

- Pode.

- E vc? (Mãe de curioso, curiosa é...)

- Eu gosto de morcego. E de Tecnologia.



- Sexta é dia de brinquedo! - Comunica o atarefado virginiano para sua avó.

- Tem certeza?

- Tenho sim, a professora falou.

- Vc já está na terceira série... Até quando vc vai levar brinquedo?

- Acho que vou levar brinquedo até a faculdade.

E eu desejo que vc queira brincar por toda a vida...

- Mãe, vi um homem tão feio na rua! Ele tava inteiro tatuado nas costas, nas pernas, nos braços e nos dedos das mãos. Fiquei com vontade de cantar pra ele:

"Quando Deus te desenhou, ele tava sem borracha, sem apontador e com o lápis sem ponta..."




Mãe, posso ver o DVD que vc me deu na Páscoa?
Pode. Mas não foi o Coelho que te deu?

- Não. O coelho de Páscoa só dá ovo. Presente dá vc e o Papai Noel no Natal...



E ele lê o recado da agenda pra mãe, muito solícito:

"Trazer para a próxima aula uma foto 3 vezes 4,

recente"...

Ensinado a tocar flauta doce: "Você tem que prestar atenção e colocar os dedos nos edifícios certos..."

Perguntas "básicas": De onde sai a teia da aranha, da laringe? Qual a coisa mais saudável do mundo?



O que realmente importa: (depois de ter retirado o aparelho ortodôntico fixo) "agora sim vc vai poder apertar minha bochecha e eu vou poder comer chiclete!"



Explicando porque não queria brincar com a garotinha: "tenho vergonha de brincar com meninas do sexo oposto"



Mãe, vc é de que signo? Peixes ou Camarões?

Por que os malucos gostam de arte?



- Mãe, por que o Presidente da República é rico?

- Ah, sei lá... Porque ele ganha muito dinheiro...

- E por que ele ganha muito dinheiro se ele não faz nada?

Comentário sobre a matéria do Fantástico, a respeito do sumiço do Belchior: "mãe, olha o Gopal!"



De que adianta lactobacilos vivos, se quando a gente agita o yacult eles morrem todos?



Mãe, explica EXATAMENTE o que é fé.