Que bom que você veio!
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Montanha vazia
O sotaque em seu ouvido, o olhar de se perder, a delícia do tempero. As mãos que ajudaram a subir na montanha e que percorreram seu corpo, não se movem mais.
Foi um prazer tê-lo em mim.
E daqui, você jamais sairá.
Era amor. E é.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
Asas do desejo
Lindo anjo caído do céu, me jogou no fogo, devir-serpente.
Dilacerada, sangro eterna ferida.
E sigo também.
Porosa porque rasgada, aceito encontros incomuns.
Molhada. Rio.
domingo, 28 de dezembro de 2014
Visita noturna
E no sonho a mão se encaixa na coxa.
Ah, que cara safada...
Ah os sonhos...
Os do sono podiam ser realidade..
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Escolha tua
Do desejo não feito de trocar "Feliz Natal" fica a troca surda de informações.
Quem nasceu foi você, nós sabemos.
Saiba também que você pode outras tantas coisas.
Saiba que estou em você tanto quanto você está em mim.
Só que você me habita calado.
E eu te habito faltando.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
domingo, 21 de dezembro de 2014
Paixãozinha
Primeira vez sem dor na pele.
Só beijo.
E a alegria do/no outro é bonita também.
E o querer bem é mútuo.
Ok, sigamos.
De alguma forma estamos juntos.
sábado, 20 de dezembro de 2014
Coisa de primeira vez
Impossível beijos lentos. Num instante, tudo acaba!
Não existe tempo. Nem ninguém. Céu e Vazio e as bocas que se acham e encaixam suaves e molhadas, lindas línguas dançam circulares.
Lábios fechados, apertados um contra o outro. Duros como o tesão que cresce entre, dizem num silêncio que o abraço amigo confirma: fica.
Beijos tantos tantos tantos tantos, que continuam brincando nos lábios, 10 horas depois.
Beijinhos, beijinhos, beijinhos de doçura, livres e inocentes, cobertos de primeira vez, deliciosos, merecem uma mordida, duas, várias. Comer-morder-lamber gostoso beijo, boca, pescoço, orelha, corpo.
Risadas e conversas. E bebidas. E um vício. Boca-porta aberta logo vira beijo. Pelos, peles, cabelos, olhos fechados e era real, olhos abertos e tudo fora do lugar.
Beijos repetidos, ecos de desejo produzido, cansado de ser reprimido, flutuam alegres na memória da boca.
Que sem culpa. E com gula.
Quer mais.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Anda!
Com medo? É recíproco.
Querem a mesma coisa?
Sabem o que cada um quer?
Liga de novo.
Vejam de novo.
Toquem-se, finalmente!
domingo, 7 de dezembro de 2014
Camadas
É o lugar que a dor não chega?
Uma paz não sentir nada.
Mais um gole.
A loucura é fria. Líquida.
Mata a sede de viver.
sábado, 6 de dezembro de 2014
Chama
Era tanto amor que a fala, vestida de falo, quase fada, é que fecundou.
Teu nome é Deus e, devir-cavalo-marinho, ela é teu pai também.
E te ama. E ama teu pai também.
Vem sem medo, natural.
Até flores te esperam.
Squash
O que não sabem é, que de alguma forma, a recíproca é verdadeira.
Vida que chega
Seus estilhaços feriram seu peito.
De repente, havia sangue em seus dedos.
Sangue que não parava de sair, que não se via de onde vinha.
Com dor e calma, simplesmente sabia que aquilo aconteceria.
Beckett cresce no palco de água.
Os caminhos da fertilidade são tortuosos.
E alguns encontros são bem potentes.
Beckett, no entanto, afastará.
A família é margarina.
A relação é escudo.
E o que foi produzido em outro espaço, era amor.
Tanto amor que transbordou.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Velho casarão
Velha.
Ela era espaçosa. Arejada. Pé direito alto. Grandes janelas.
Pouquíssimos móveis. Velhos.
A porta desta casa estava entreaberta. Parecia vazia.
A menina quis entrar.
Ela estava muito cansada. Ela tinha fome e dores no corpo. Suas roupas ainda molhadas da chuva. Seus pés, gelados.
A casa era imensa. Muitos quadros, muitos retratos. Um piano.
Encostada à porta, a menina olhava a casa, encantada.
Ela estava com medo, há muito tempo sem dormir.
Queria um lugar seguro.
Não para ficar. Mas para poder seguir.
Mas ela não achava isso certo. Usar algo que não lhe pertencia.
Exausta, um mendigo, adormeceu na porta, feto, depois de tanto chorar baixinho.
Sustos
Por isso mandou que ela (o) assustasse?
Vai embora mesmo, melhor partir agora.
Sem entender, assustada,
Só queria ver.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Medo de novo
Que jogo perigoso é esse que faz com tanto gozo?
Ela também é chamada de menina.
Tá cuidando um pouco, sempre.
Que bem que faz.
As coisas anda(va)m duras nesses tempos.
De igual mesmo, só esse medo maldito.
Que nunca para.
Desejo é medo
Pede o telefone.
Liga.
Marca encontro.
Liga de novo.
Lentidão.
É tanto medo, que a aproximação é mínima.
Qual é o perigo pra se proteger tanto?
Sangrou também?
Perdeu também?
Chorou também?
Sozinhou também?
Mentiu também?
Morreu um pouco também?
Quer mesmo abrir a porta?
Ela está destrancada.
Mas é escuro lá dentro.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Percebe?
Atrapalhados.
Desastrados.
Um cheiro de perfume.
De corpos.
E de medo no ar.
domingo, 23 de novembro de 2014
Cola
Daquilo que mela, quero o que secretas.
Não o que segredas.
sábado, 22 de novembro de 2014
Para onde..
Míope nas relações, precisa estar muito muito perto.
De longe, só vê nuances.
Não compreende porque está tudo embaçado.
Por isso o apego às palavras.
E quando elas silenciam, surge o medo.
Sente-se perdida.
É míope.
Mas está cega.
Assustada.
Sozinha.
E um medo gelado rondando.
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Ódio aos babacas
Depois de tanto dar, a hora em que receber o pé na bunda, aí do resto vai se lembrar.
Triste você. De uma beleza miserável. Seu devir-rato, fugindo, é horrível.
Amor afogado em ópio morre sorrindo, amputado-vivo, imagem que também assombrou Bataille.
Ei, você! Vaidoso viado esquilo. Esquizo.
Qual o prazer em delimitar?
Dentro... Fora...
Tem gente que não é de fora. É um fora!
Tá com medinho? Abre guarda-chuva e fica escondinho, se masturbando com seu titulozinho.
Ei, você, menina suave, pé de anjo.
Qual é o gênero do seu jogo?
Contando nos dedos a hora em que a Louis Vutton termine.
Que um escrito surja.
E que se vire a página.
Um cu
De quatro, ardentemente, corre atrás do menino ébano.
Algo entre o visível, o ridículo e o patético.
Cego de tão duro, nem liga.
Pra menina.
Que sobra.
Não implora.
E vai embora.
Desse campo de vaidades.
Mentiras e tristezas.
sábado, 15 de novembro de 2014
Na estrada
No que você disse.
Gosto de te ouvir.
Você parece ser bom pai.
É cuidadoso.
Você parece estar atento a detalhes.
Se pudesse me esperar, seria bom.
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Uma pena
A primeira, leve sorriso trocado, cumprimentou.
Então, identidade veio à tona.
Sorriso acabou.
Olho que desconfiava, tomou conta.
Não me olhe assim.
É minha cama que está vazia.
Você é a tranquilidade-biombo do já sabido.
Conforto que felino não abre mão.
Nesse jogo, foi você quem ganhou.
E todos nós perdemos.
As camas estão em nós. De encontros, vazias.
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Querer querendo
Estamos (nos) fazendo falta?
Novamente a alquimia de afetos devém mensagens?
Beijaria sua cabeça linda, seus lábios idem.
É a segunda vez na vida que me chamam de apaixonante.
Vai ver sou isso mesmo.
Apaixonante.
Produção de falta.
Por isso te desejo.
Finito-ilimitado.
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Nosferatu
Atenção para em quem te ronda.
Perfeição não existe.
Sorrisos.
Concordâncias.
Sorve a seiva da ideia.
Sombra negra da inveja.
Se precisar, te derrubarás.
Maldito se te machucar.
Vampiro, logo o sol nasce.
Vai-te embora.
Porque virarás pó.
domingo, 19 de outubro de 2014
Corpos e madrugada
Quando viu, finalmente, o que se queria, beijos mais que dados eram sorvidos, bebidos, engolidos.
Era sede de beijos.
Beijou até quase afogar.
Não a deixava escapar, a grande mão em suas costas mal a deixava se movimentar.
E, então, estavam em outro lugar.
Sua cama.
Um sonho.
Por isso acordou.
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Gestos
Mão na memória do ombro massageado.
Uma agitação.
Certa afetação.
Ah os meninos...
Ah, meu Riobaldo...
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Interferência
Noiva-loira de faz-de-conta.
Dançava com homem grande. Tão feio.
Suas mãos praticamente só se tocavam.
Mas sua cabeça se abandonava no peito dele.
Solidão tão grande.
Tristeza de ver.
Infeliz.
Sem carinho.
Eu seria capaz de abraçar você.
Das coisas não ditas
Saudade é infinita.
Dói distância mantida.
Dói cobrança ouvida.
Última mensagem não lida.
domingo, 12 de outubro de 2014
Uma estranheza
Você dá recados por Clarice e poesia concreta.
Não sou sua extensão.
Não é a caneta que une.
Mas partir é necessário.
E sempre se pode voltar.
sábado, 4 de outubro de 2014
Partir também é dobra.
Fora do coração e da cabeça.
Será um dia comum. Do nada verá.
De repente, devir-epifania.
Agora já tem saído um pouco.
Da rotina. Logo, da notícia.
Devolvendo os "Nerudas" pouco lidos.
Desistindo, silenciosamente.
Recusando encontros, delicadamente.
Finalizando ciclos.
Partir é (deixar-se) ir.
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Sem rosto
Ou cacos de vidro que penetram nos dedos e sangram, pequeninos, é seu devir imperceptível?
A violência ferindo aquela pequena parte inquieta e estendida.
Dormir sonhar sangrar.
É dobra.
domingo, 21 de setembro de 2014
Sem resposta
Você sabe do cansaço?
Você sabe do estar só?
Também está assim?
Também está aqui?
Também está em mim?
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Pessoa pensa demais
A pessoa egoísta deveria se cercar de pessoas egoístas.
A pessoa generosa pensa nela depois.
Pensa na egoísta primeiro.
A pessoa generosa se machuca com a pessoa egoísta.
A pessoa generosa é exigente.
E idiota.
sábado, 13 de setembro de 2014
Virtual
Um cheiro de perfume.
Um pouco de bebida.
Uma doce voz.
Calor de uma presença.
E um desejo.
Um desejo.
Um desejo puro.
Um desejo qualquer.
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Cruz no chão
Dia.
Batida do coração.
O gato que espreguiça.
O filho que cresce.
Lento.
Cansativo.
Sono.
E só dorme.
Olha por longos minutos o rejunte do piso.
O reflexo da lâmpada.
A sujeira.
Sono.
E o peso no coração.
E o enjoo.
E o tremor.
Olho seco.
Boca também.
Arrasta-se.
Arrasta-se.
Arrasta-se.
Cinto que enforca.
terça-feira, 9 de setembro de 2014
Anestesia
Dentro de um aquário sem água?
Kafkaniamente tornando-se axolote.
Lá longe vê a tristeza.
Dos outros.
De si.
Ela vê, mas não sente.
Sem tristeza.
Sem medo.
Película.
Enfim a dobra.
Guarda-chuva aberto.
Quem é você?
sábado, 6 de setembro de 2014
Agonia
Do não-agenciamento.
Da distância.
De uma cisma gelada de que desperta medo.
Sozinha.
Petrificada.
Confusa.
Tem despertado umas preocupações. Legítimas.
Virou um nada descolado de si.
Esqueceu quem era.
Pura intensidade.
Tudo virtual.
Todo dia noite escura.
O que aconteceu?
Por que não passa?
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
terça-feira, 2 de setembro de 2014
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Aquário
O que vocês imaginam?
Reconhecem histeria?
Neurose?
Loucura?
Tristeza?
A dor tá bem escondida?
E o cansaço vestido de silêncio, também?
Vocês não vão embora porque é um espetáculo?
E se as luzes se apagarem?
E se todos os "nãos" forem vomitados?
Não-abortado pode não ter nascido.
Cárcere
Paciência
E lentidão.
Ela ergue, silenciosa, com tijolinhos e pequeninas cápsulas de 20 mg.
lugar que a protegerá de toda dor.
sábado, 16 de agosto de 2014
Deu nó.
Não se sabe quando embaraçou.
De repente, passa-se o pente, escova, dedo.
Eis o puxão e a dor.
Muitas vezes se ignora. Mexe um pouco mais pro lado.
Finge que o nó não está? Pensa que se desfazerá sozinho?
Mas. Em seguida, nova dor, novo puxão.
O nó embaraçado está lá. Quieto e à espera.
Chega a hora de enfrentá-lo.
Desfazê-lo.
De algum jeito. De qualquer jeito.
Só que às vezes os fios se misturaram tanto
Que o nó é arrancado.
Mal pela raiz.
Do veneno
Quanto gozo há em ver-te...
Teu sorriso branco, denota diastema pequenino. Algo infantil.
Desejo de estar perto. Sentir-te.
Hálito. Voz. Cheiro.
Teclas do piano, nós nos misturamos.
Em proibido acorde.
Falos rijos.
Jorram prazer.
Nesse amor de iguais.
Que não se assume, mas escapa.
E a outros faz sofrer.
"Produto técnico"
Nela misturam-se coisas que fazem mal, machucam.
E, sobretudo, porque, a princípio, parece que não se percebem os mecanismos de exclusão.
Num teatro maldito onde não se sabe, de fato, o que acontece, uma foto fere.
E um comentário mata.
Das outras coisas ruins que emergem nesse campo de dor, irrompe, amarga, a certeza da pequenez que insiste em nós.
Há quem os ache "lindos".
Há quem os enxergue produtores de maus encontros.
Jogar a toalha pode ser um gesto de coragem.
domingo, 10 de agosto de 2014
Que a morte espere
Especialmente quando ele colocou placa por placa.
Eu vi um escuro antes de ser tampado.
Nesse escuro eu me vi.
Um destino de todos nós.
Aí eu pensei em você.
Eu chorava por uns mortos e uns vivos.
Mas eu pensei em você.
Pensei que não queria ir para um escuro.
Sem que antes você penetrasse meu corpo-carne.
Do jeito que preenche meu corpo-alma.
Sonho você pesado.
Largado.
E esquecido em mim.
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Pra dentro
Aberto, sorve a menina em redemoinho.
Ela some no ralo dela mesma.
Ela se suga.
E tem medo-gelado.
Que esse ralo-buraco.
Seja saudade.
De um menino. Chuva.
domingo, 3 de agosto de 2014
De mais ninguém
Nele, ela deita em seu colo só para ouvir histórias.
A puta que você discretamente descreveu quando olhavam pela janela. É ela.
Sem julgamento e exigência.
Puta.
Silêncio.
Gueixa.
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Sozinha
Tristeza-tédio impulsionam a mira para a pequena xícara.
Acertar é risco.
Repara mesmo é no chá que se acumula no pires.
Alice é um transbordar.
quinta-feira, 24 de julho de 2014
Em coma
Em círculo. Infinito. Tédio.
Tique.
Relógio tem tempo dentro de si.
Move.
Mas não passa.
terça-feira, 22 de julho de 2014
quinta-feira, 10 de julho de 2014
Dos beijos
Longa a espera até que as bocas, inteiras, se encontrem.
De uma primeira vez:
Primeiro beijo não se pede.
Troca-se. Dá-se. Rouba-se.
Não há solicitações. Sem fala.
Beijo é palavra muda.
Em corpos:
Nas mãos, após serem examinadas e estarem livres de cortes do casco da cerveja.
No rosto, puro carinho.
Na sobrancelha (?), porque achou linda.
No olho - pela "mirada" que tem. Gracias...
Na boca. Inevitável. Um prazer.
Na testa.
Mesmo corpo. Outra boca.
Depois do vinho, da poesia (linda!).
Das taças lavadas.
Do lixo recolhido.
Beijo na testa?
Que é isso?
Não dados:
(A)guardados.
terça-feira, 8 de julho de 2014
Pessoa mimada
Ou ciúme de um carinho sem-vergonha?
Já ficou sabendo o quanto se gosta de expor afetividades.
Deixa de bobagem.
Deixe-se fazer chover..
Num certo tempo-espaço...
segunda-feira, 7 de julho de 2014
"Hoje num vai dar"
Pior. Ficou invisível.
Queria pagar a caipirinha e perguntar do machucado do dedo.
Contar a novidade e falar do dourado do café.
Queria um agradecimento mais pessoal.
Terminar com certo carinho, história que sequer começou.
(Ódio dessas histórias).
Queria ser salva pelo príncipe-magia.
Ninguém viu.
Queria um pinguinho de cuidado.
Fiapinho de atenção.
Até quando vai viver de migalhas?
Faminta de nadas?
domingo, 6 de julho de 2014
Mais uma dose
Foi embora quando desistiu de vê-la.
Quando não se desculpou.
Foi embora quando quis falar com ela.
Fingindo que nada aconteceu.
Foi embora quando se esquivou da conversa.
E quando uma certa segunda chance, estúpida e discreta
Ignorou.
sábado, 5 de julho de 2014
Cantos
Bem atrás, perto do seu pescoço.
Fofocas e brincadeiras no ouvido.
E uma puxada de cabelo...
Surpreendente...
Dor e prazer andam juntos, né?
Mas aquele cantinho...
Bem no finalzinho...
Na hora do beijinho...
Ele chama comissura.
Ele deu uma fissura...
E uma vontade dura.
Que se tocassem, bocas.
Em alegria pura.
sexta-feira, 4 de julho de 2014
Outra quinta
Mão branca estendida, dedos longos.
Ritmo, cardíaco.
Pouco olhava, rosto abaixado a procura.
De sons?
Da saída?
Cássia cantou o que se queria dizer.
Não se trocou uma palavra durante todo o tempo.
Apenas música e risada.
No final, ela ouviu que seu nome virou devir...
quarta-feira, 2 de julho de 2014
Dança pro menino-chuva
Líquido-lindo sem forma e rosto.
Menino-chuva se derrama.
Estraga piquenique.
Põe cheiro (delícia!) na grama.
Menino-chuva faz lama.
Arco-íris.
Esfria.
Menino-chuva, nuvem desmancha.
Molha sapato.
Menino-chuva atrapalha.
Pinga, escorre, inunda.
Gargalha.
Menino-chuva alma, larga, minha, lava.
Menino-chuva é Shiva.
terça-feira, 1 de julho de 2014
Nem tão longe assim
Faltou ver cara linda, sorriso idem?
Faltou ouvir poesias e alegrias?
Logo chega um encontro.
Ai...
Aí vai faltar pouco.
Pra outra coisa se dar...
sábado, 28 de junho de 2014
Pensar-desejos
Ela pensa sob uvas. Pensa no silêncio de um.
Pensa na cópia oculta do outro. E gargalha! E confunde... Segredo pra quê?
Pensa na discussão com alguém que ainda não viu.
E em beijos..
E...
Quantos cabem nessa cabeça-corpo-coração?
Que encontros se tecem? Quais agenciamentos?
E o maldito medo, sempre gelado, à espreita.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Imunidade zero.
Alegria em sentir a leveza dos encontros.
Gosto de respostas. Devir-amor.
- eu. + nós?
Aprendizagens e contaminações.
Ninguém mexe nessa relação!
domingo, 22 de junho de 2014
Folhinha de Hortelã
Escuto saudade no teu silêncio.
Meio mês dá ansiedade inteira.
Chocolate e salgado.
Fermentado e destilado.
Do outro, um gozo.
Prazer de ideia.
Brincar do corpo.
sábado, 21 de junho de 2014
Amor fati
Angústia e medo.
Angústia e medo.
Problema na hipófise ou na hipótese?
Corpo sente sinais de composição.
Mas, além de estar junto
Quer estar dentro?
sexta-feira, 20 de junho de 2014
Dúvidas
Segredo.
Precisa esconder mesmo?
Esconder de mim, de ti?
Esconder o que mesmo?
Guardar é esconder?
Amar é expor?
Ou ex-dor?
terça-feira, 17 de junho de 2014
"Levei"
Hoje eu toquei num fio invisível.
Toquei de tal forma intensa, que ele vibrou.
Vibrou em desejo de agenciamento e encontro.
Quem quer me conhecer pessoalmente, no entanto.
Não sabe que este é desejo-medo meu também:
Conhecer-me.
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Segunda de primeira
Cai, molinha.
Cheia de pinga e açúcar, os contornos se perdem.
Permanecem luz e beleza. E o sorriso. Na boca e nos olhos.
Nunca vi falarem tanto.
Entretenimento.
Descanso.
Fuga.
Dama de companhia.
Prostituta.
Não porque dá.
Mas porque escuta.
Insípido
Medo.
Fome.
Tristeza.
Cansaço.
Sede.
Saudade.
Frio.
Esperança.
Ansiedade.
Orgulho.
Não é morte.
Mas liberta.
sábado, 14 de junho de 2014
Circulando
Às vezes vê fantasma na rua.
No local de trabalho.
Não vê, também, a hora de ir embora.
Saber que, desses maus encontros, não padecerá.
(E ela nunca pensou que, um dia, isso fosse desejar)
sexta-feira, 13 de junho de 2014
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Medo de injeção
E segura forte?
É que eu tô com medo.
Muito medo.
Medo de injeção.
Onde deixa?
Gostava de sentir o mar no pé. Onda (v)indo.
Na terra sem mar que a espera, onde vai andar?
Onde vai pisar quando a tristeza, sempre à espreita,
Teimosa.
Chegar?
A mulher que virou suco
Vai embora quando?
Vai embora como?
Vai embora pra onde?
Piratininga é tão grande...
Filho não reclamou quando soube que ia mudar de escola.
Mas tá tão sozinha.
Com medo.
Que, na madrugada,
Chora.
quarta-feira, 11 de junho de 2014
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Que vontade que dá...
Nem imagina o que despertou.
Disparou.
Segunda, um dia, será primeira.
Vez.
Basta ligar, mandar mensagem.
Chamar.
domingo, 8 de junho de 2014
Ilusão
Por isso ela se atrasa.
O tempo não existe.
Por isso ela se espanta com as horas.
O tempo não existe.
Por isso ela se esquece.
O tempo não existe.
Por isso ela sonha e ri e chora e ama.
O tempo não existe.
Por isso ela insiste.
Contatos...
Quando toca o telefone, aparece seu nome.
Você não precisa se identificar.
Sua voz-tesão cabe delícia na orelha.
Você não precisa se identificar.
Nem dar satisfação.
Agora, o café, esse precisa sair.
Pra gente (se) ver o que acontece.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
Pequeno momento puro de amor
Arrumar-se pra viagem de amanhã.
Arrumar casa e vida.
Até escrever.
Mas tem um "mas". Tem uma "pulga atrás da ovelha".
Algo que, de certa forma, imobiliza.
Porque sempre pensou que nada viria depois do fim. Entendimento ateu.
E alegria dói. Porque passa também.
Igual a vida.
E o que se constrói é tão bonito...
É amor sim. E já foi dito.
E esse chamar virou chama.
Desse amor.
Amor-balão.
Sobe.
Inflama.
Querido
Como ficou em mim...
Ah menino lindo...
Teve chuva, teve frio.
Mas não teve tempo ruim...
Delícia
Tempo podia ser chocolate na boca-mundo.
Quanta alegria!
"Eu pensei que você vinha..." Na minha terra chama saudade.
Igual esse encontro.
Encontro para falar de nadas, nadeiras, bem Manoel de Barros...
Nem quem viu acreditou: "vocês juntos de novo?"
"Pra sempre!" Uma resposta não dita.
"Faça uma imagem".
De hoje? Chocolate derretendo na boca.
Beijo calado.
Celular interrompendo fluxos.
Por pouco tempo.
Dionísio envolvendo - que fique de lembrança.
Uma imagem?
Beijo mandado com a mão.
Despedida.
Mas amor não termina.
quarta-feira, 4 de junho de 2014
Saber e sabor: um corpo
Esqueci-me disso. Enlouquecida com vida-mundo me engolindo, fechei os olhos à alegria e potência de nossos encontros.
Desejos não são só meus.
Sim, é muita tua fome.
Então vem.
E me..
"Precisamos conversar"
Embalado a vinho.
Conversar pode ser pretexto.
Pré-texto.
Olhos.
Línguas.
Juntos.
Sempre.
Bocas-desejo.
Soltar.
É permitir.
segunda-feira, 2 de junho de 2014
Quer dançar?
"Liga sim".
Liga não.
Melhor não responder a mensagem...
Dois acordados.
E o vinho tinto.
Dionísio.
Vermelho.
A cabecinha também é.
E o sorriso? Lindo. Lindo.
"Liga sim"
Nem respirou.
Quando conseguiu, ar veio pela boca.
Aberta.
Que espera um beijo.
Barba deixa seu rosto vermelho.
Igual o vinho. Tinto.
Tanto. Medo.
Água nos olhos. Caem.
De medo. Da dor.
De não saber.
Amor.
sábado, 31 de maio de 2014
sexta-feira, 30 de maio de 2014
Dê dê dê
Ela morre de medo de ligar.
Iniciar. Mais do que diálogos.
Uma voz que já sabe linda.
Ela morre de medo de ligar.
Sim.
Telefonar é unir.
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Voando
Do alto, no céu, pensa o quê?
Quer o quê?
Tão longe..
Boa sorte.
Tudo é válido.
Inclusive não saber.
Menos se enganar.
terça-feira, 20 de maio de 2014
Just a matter of feeling
E um pouquinho de álcool.
E muito desejo.
E o beijo?
After
Buraco da cabeça.
Entrada-saída de prazer.
Porta da vida.
Espaço de troca.
A boca coberta de feridas, tão dolorosas, denuncia.
(E preocupa).
Deixou um pouco de alma lá.
Recebeu outro pouco também.
A boca, na dor, mostra.
O que calou.
Abafou.
E uma saudade que vem.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Tadinha
Fingiram que não se conheciam?
Patetas patéticas.
Mas é um chuchuzinho..
Sem sal..
Água e vinho. Tinto, rubro, quase negro. Calorias vazias que engordam e dão prazer.
Água hidrata.
Vinho festeja.
Água é Apolo.
Escondida atrás do Vinho..
domingo, 18 de maio de 2014
Colo
Talvez pegue em suas mãos. Para acalmar.
Muita intensidade. É assim mesmo. Calma..
Amanhã a conversa há de ser leve e densa. Diamante.
Líquida. Limpa. Linda.
Banhada em momentos de silêncio.
Permita-se.
Alegria...
Fluxos III
Nunca esteve. Nunca estará.
Ela não sabe amar.
Nunca soube. Nunca saberá.
Amar é verbo.
Verbo-agir.
Amar é sabor.
Amar é espaço aberto.
Entrar-sair.
Amar não acaba.
Re-agir
Medo se esconde na cabeça. No intestino. No estômago.
Nômade. Gente que nunca viu. Na areia e no concreto.
No real também?
Laços se constituindo...
Laços podem virar abraços e beijos na boca?
Talvez não queira mais isso. Nunca mais.
E o medo, põe onde?
sexta-feira, 16 de maio de 2014
Mais fluxos
Sangue escorre.
Dor continua.
Cabeça lateja.
Sempre se digladiando com a boca de vidro sem dentes.
Pode-se afirmar um CsO de outras formas.
Vai descer até o último degrau do buraco cheio de merda.
O mal-cheiro lhe entope o nariz.
Quer vomitar.
Com força.
Bruta.
Chora.
De raiva e vergonha.
Vomita de novo.
Não para de sair coisa-comida
Amarelada gosmenta em pedaços
Garganta queima.
Vomita de novo.
Nem tem mais nada.
Estômago dói.
Corpo mole.
Tudo sujo.
Cheiro de merda e vômito.
Limpou só a boca.
Com a mão.
Bochechou água.
Medo de vomitar de novo. O quê, meu Deus??
Morta de cansaço e de vergonha.
Vergonha do dedo podre.
Vergonha de não (se) respeitar.
Grande ser tão...
Você comeu meus amigos com os olhos. Você sabe o que é bom.
Você só não sabe sentir delicadezas.
Passar a régua e virar a página não é a mesma coisa que fechar a porta.
Enfrentar o amor dói.
A vida dói.
Transforma a dor, lembra?
Em alegria.
Deixa seguirem os fluxos.
De escrita, de merda, de esperma.
Fica bem com a TOnta.
Com Kalu.
Com meus amigos lindos.
"Essa eu nunca te falei..."
Te amo esgotado.
Não preciso do teu falo.
Diadorin e Riobaldo.
Leia isso.
Você insinuou que me achou.
É possível seguir inteiro-pleno.
Livre nessa prisão de mundo-merda de fachada.
Você tem um linda flor pra cuidar.
Eu tenho minha pedra fundamental.
Tô contigo em qualquer decisão.
Inclusive se você fechar a porta.
Você está fechando.
E eu estou partindo.
quinta-feira, 15 de maio de 2014
Mão na maçaneta
Deslocamento.
Quando conseguir fechar a porta,
Estará do lado de fora
ou de dentro?
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Radar
Mensagens parecem ter destino, mas se diluem em outros.
Não existe mais o único canal-simbiose.
Loucuras abafadas então.
Tempo esgarça saudade.
Buraco-falta é via de mão-dupla?
Velocidade é zero.
Nômades se deslocam por necessidade.
Intimidade..
segunda-feira, 12 de maio de 2014
Idioburra
Não era isso que ela queria? Ficar livre, enfim?
Não era isso que ela queria?
Não?
Que peninha...
Ostra... Cisma...
Pode esquecer...
Sua importância é: nenhuma.
domingo, 11 de maio de 2014
Que dia é hoje?
Escreveu quando?
O que vai fazer amanhã? E depois?
É bonito ver os passos firmes da certeza.
Mas eles passaram na frente de um olhar perdido.
De uma cabeça meio morta.
De um coração apertado.
Esse tempo que empurra e machuca e (des)controla. Foge.
Porque se nega um fim.
sábado, 10 de maio de 2014
Plicar
Porque a gente fecha o olho quando sente dor.
Faça dobra menina..
Recolha o corpo, por anos esticado em sessões torturantes.
Faça dobra menina..
Um pouco de silêncio apenas para escutar música e enxugar lágrima.
Faça dobra menina..
Um pouco de silêncio apenas para ver imagens e enxugar lágrima.
Faça dobra menina..
Você sabe o quanto está cansada.. Pode chorar, então.
Faça dobra menina..
Descanse seu coração.
Não pergunte, não inicie, não avance.
Faça dobra e sombra.
Espere.
À morte segue um germinar.
domingo, 4 de maio de 2014
Última dor.
Nunca.
Ela se jogou.
Afirmação de um CsO.
Foi suicídio.
Não há coragem.
Covardia e desespero.
De alguém que "não desmorona nunca".
Ninguém sabe.
Não faz barulho.
Dor é muda.
sexta-feira, 2 de maio de 2014
Uma diferença
Uma produz.
Outra reproduz.
Uma cita.
Outra excita.
Uma leva.
Outra releva.
Uma cala.
Outra rala.
Uma é fora.
Outra é dobra.
Recado para uma desequilibrada
Quer dizer que é pra você também que eu mando umas palavras?
Ah magrinha de lindos olhinhos juntinhos... Além de cara de boneca, é de pau também? Nunca li uma linha sua lá. Preguiça, "falta de tempo", burrice - sabe, começo a pensar se vc não é mera reprodutora... De ideias, porque de gente, pode esquecer. Ah, você não quer, né? Tá bom. Continuemos sangrando então. Covardia... Quem sabe um silêncio não esconde covardia? Que feio julgar Dra. Nise Abramovic... É feio mesmo. Feio também é esse mundo que precisa de relações de fachada.
E quando soube da notícia-bomba, virei adjetivo no gerúndio. Dessubjetivada? Não, burguesinha-suquinho-de-maçã! Isso tinha cheiro de ciúmes. Melhor, de inveja. Pior, porque é desnecessário sentir inveja de mim. Dói pra car...amba ser eu.
Continue lendo minhas palavrinhas. Mas, logo logo, para de dar a fita... Porque uma distância chega, inevitável. E isso pode levar à saudades. De querer saber. De se querer intimidade. Intimidade é silêncio de olho fechado e sorriso na boca. Um amor. E pra isso nem precisa tirar a roupa.
E seguimos
De novo, deve ter quase enlouquecido dessa vez. Sozinho. Dessa vez.
É assustador ver a doença e a loucura sempre cercando sua vida. Será que é porque você não as aceita?
Não tenho saudades. Tudo foi sugado naquele quase crime.
Você continua bonito. Queria parar de ouvir o canto da beleza de Marte, de Leão...
Não desejo mal a você. Simplesmente, não desejo você.
Você é a página 05 do meu livro de Ciências do terceiro ano primário. Existiu, certamente, mas não ficou nada em mim.
Nada em mim.
E isso é de uma tristeza gelada.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Cabeça vazia?
Sabores.
Amargo. Doce.
Álcool.
Evapora receios.
Não para todos.
Um certo descolamento permite estar lá e cá.
Bebe-se muito.
Avisos bem sutis de onde se está.
Um controle que nunca se perde.
Insuportável cheiro de mijo.
Boca formiga.
Rabelais na esquina.
Lixo que voa.
Um olhar que passeia. quer comer.
Pouca fala. Pouca bebida.
O que tanto controla?
Medo de quê?
Tudo bem.
Um contato se aproxima.
Um dia chega.
E se outras bocas se cruzarem.
É uma experiência.
domingo, 27 de abril de 2014
To play
Ela só quer balançar.
Sente a ponta do nariz gelado.
O vento que esfria suas bochechas e bagunça seus cabelos.
A menina no balanço aperta as mãozinhas nas correntes de ferro e, quando for embora, vai cheirar as mãos, porque o cheiro do metal vai grudar nela. Lembra um pouco cheiro de sangue.
A menina no balanço observa o buraco que vai fazendo com os pés na terra.
Desloca montinhos, arranca graminhas. O buraco vai aumentando.
Será que ela mata formigas? Assusta minhocas?
A menina no balanço não queria estragar nada. Machucar nada. Tirar nada do lugar.
A menina do balanço não queria atrapalhar.
A menina queria não-estar.
Na verdade, ela só queria que ele a chamasse pra brincar.
sábado, 26 de abril de 2014
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Sutileza sussurrada
Estudada ou não, o pretérito não lhe pertencia.
Fica um silêncio.
Tépido.
Triste aceitação.
domingo, 20 de abril de 2014
Interstício
Textos
Imagens
Músicas
Instalações
Performances
Conceitos
Viagens
Pedras
Hodos
Meio
Morte
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Uma outra história
Dava toda linha para nos perdermos juntos nesse labirinto. Pegávamos o Minotauro pelos chifres.
Trêbados de vinho, enfim Apolo nos deixaria a sós. Deleite dionisíaco.
Cristais totais sexuais espalhados em mim.
Boca e orelha e nuca.
Gritaria maluca.
Falo... Inteiro...
Conjugação perfeita.
Sem cabimemto.
Riso solto.
Gostoso.
Gozo.
terça-feira, 8 de abril de 2014
Chama
Porque mergulham nesses redondos castanhos, tão escuros.
A risada espalha alegria e intimidade.
Tanto sorriso é saudade, já?
No próximo encontro devolve-se o papel?
Quando? No derradeiro?
Num inventado?
"Força!"
Sim, força!
Beijo estalado cala a boca.
Mas o silêncio sabe o que não diz.
domingo, 6 de abril de 2014
Menos um dia
A janela e sua boca de morte escancarada e sem dente estava muda.
Bastou fechar.
A boca-janela.
Os olhos.
E o corpo.
sábado, 5 de abril de 2014
Uma notícia
Mas a alegria tem receio de atravessar o mar de gente, então o sorriso vem ao seu encontro.
Em seu lugar preferido, sorriso brinca com as palavras, emite expressões que sabe o quanto são caras a ambos. Graças alcançadas... Exibir uma alegria também pode ser aviso: até hoje carrego sua ideia comigo.
E dizer que não quer estar perto o suficiente para não chorar é aviso?
Só sorrisos e um aceno de cabeça é o que se segue após a entrega. É o quê?
Alegria sente um frio - vento gelado cortante - assombroso por dentro de si. Assustador. Frio de morte.
Quer puxar o ar. Mas não vem. Não tem.
A boca da janela engole.
Feche a boca da janela!
Alegria sumiu.
Chega morte.
quarta-feira, 2 de abril de 2014
Para um pouco.
O tempo está acabando.
Ambos sabem.
Mesmo que ele diga que não tem fim.
terça-feira, 25 de março de 2014
A dona da pressa
A dor também.
A pressa é dela.
A solidão também.
A pressa é dela.
A saudade também.
A pressa é dela.
O medo também.
A pressa é dela.
A fuga também.
Ninguém faz nada.
Covardes.
Também.
segunda-feira, 24 de março de 2014
Em trinta dias
Por isso doi e acorda com a camisola suja de sangue.
Há uma pequenina ferida aberta do lado do seu coração.
sábado, 22 de março de 2014
Porque doi também.
Foi falando com ela que seu olho molhou.
Sabia que ela quis abraçá-lo e com um beijo enxugar esse olho?
O olho molhado é porque quer enterrar o espaço ou por que vai acabar o encontro?
Falou a mesma coisa pra outras pessoas, mas foi ela que viu seu olho molhado.
Por que era por ela que sobrava água?
terça-feira, 18 de março de 2014
Possível
Ou no caixão da mulher-arrastada. Tratada como lixo.
Morrer não é verbo.
É um desejo que espera.
domingo, 16 de março de 2014
Empurrando com a barriga
Por que não quer encontrar?
Não quer (se) ver?
Será que desconfia da dor que causa?
A explicação é sempre a mesma - só uma coisa importa?
Coisa pequena e triste.
E mesquinha.
E que aprisiona.
Envenena lentamente.
quarta-feira, 12 de março de 2014
Filete de morte
Vermelho claro porque há um fluido esbranquiçado.
Não se sabe o que é isso.
Aguinha branca não identificada.
Baba do corte.
O líquido que escorre não é o que se mostra.
Aparente é aparência.
Transparente, deixa que lhe atravesse tudo.
Luzes, cores, imagens, velocidades.
Sem dobra, tudo passa.
Sem dobra e com fenda.
Esse rasgo, meio, nada, escuro.
É morte.
Morte em nós.
A morte vive em nós.
terça-feira, 11 de março de 2014
Sem poder
Tirava você da prisão do reflexo do lago.
Porque você vai se afogar nessa imagem.
E ela quer você vivo.
Se ela pudesse, ela roubava você.
Porque você é valioso.
E ela é invejosa, possessiva e má.
Se ela pudesse, ela esquecia você.
Porque você é obsessão.
E ela, doente.
Se ela pudesse, ela gargalhava de você.
Porque você é ridículo.
E ela também.
Se ela pudesse, viveria isso na carne.
Porque ela largou da sua mão.
Sem saber se era isso que você queria.
Sombra
Não cabe no trabalho.
Não cabe na profissão.
Não cabe com os amigos.
Não cabe com o amor.
Não cabe com o desejo.
Não cabe consigo.
Por não caber, ela vagueia.
Perdendo-se sempre um pouco mais.
Ela olha os móveis, mas não enxerga.
Ela se alimenta, mas não sente gosto.
Vontade de desaparecer.
Já que não está nem aí.
domingo, 9 de março de 2014
Escuro que ninguém vê
Arde.
Tudo arde.
Corpo grita.
Cabeça vazia.
Boca amarga.
Aquele outro no sonho.
Acordou com medo.
No relógio sem ponteiro, tempo a atravessa.
Coração insiste.
Palavras palavras palavras.
É morte.
Tudo é morte.
domingo, 2 de março de 2014
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Ato farto
Não se esqueça que o grupo percebe o deslize.
Não se esqueça que, se foi por mal, foi desnecessário e sem sucesso.
Não se esqueça que, se foi falha, o corpo gritou. Será surdo sempre, pra ele?
Não se esqueça que, mais uma vez, machucou.
Não se esqueça que a admiração pode sempre diminuir - levando o amor
E que sempre se pode sangrar até a morte sem ninguém ver.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Leão no prato da...
A balança pende, dança, desequilibra.
Você distante, gelo, silencia.
Eu parada, muda, não queria.
Nós tão loucos, parafusos soltos.
Sempre sozinhos.
Todo dia.
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Risco Vermelho
Cansaço e saudade secam lágrimas.
E tristeza.
Às vezes ela é tão grande que impede choro.
Pele que se puxa do dedo.
Vai puxando, puxando e ela vai soltando fina.
Até que, de repente, brota um caminho de sangue.
É isso.
Às vezes só dá pra chorar quando brota um caminho de sangue.
Uma terceira perna?
Por isso precisa dos vacúolos de solidão e silêncio?
Tudo tão triste...
Porque há fugazes momentos de tamanha delicadeza.
Que seria possível nos esquecermos neles...
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Ridiculamente óbvio
É patético.
Não minta pra mim.
Eu não acredito.
Não minta pra mim.
Não precisa.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Você chora?
Para de viver no virtual.
Para que silêncio se mostra que viu?
Para de querer entrar pela cabeça.
A cabeça é a porta da morte.
Ela não pode ser invadida.
Se não, o corpo foge.
Garrafa vazia
Por isso o silêncio?
Não há escolha que não doa.
Assim como doi reconhecer o não-esforço do carinho e do afeto.
Queimava sim.
Mas era gelo.
sábado, 25 de janeiro de 2014
Vazio, um cheio...
Cheio de coisas entupidas.
Vazio é excesso de tristeza.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Dia de Lua em Escorpião
Sua história morreu.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Mas nunca foi rainha
A linguagem saiu de cena.
A política saiu de cena.
A criança, o inacabado saíram de cena.
Entra a assepsia.
O protocolo.
Os órgãos sem corpo.
A morte da cabeça.
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Branco gelo
Foi preenchido por algo que parecia ser uma boca.
Justo ela. Que come, fala, cala.
Invisível, onírico. Quem estava lá?
A boca rabiscada foi pintada. Riscada. Transformada.
Ela abriu espaço. Naquele buraco, ele enfiou o seu pedaço que riscava.
Ela deu. Ele comeu. Primeira-única vez.
A luz acesa mostrou: todos sujos.
Quem se envolve, se suja.
Fica preto, vem lágrima.
Mas a camisa estava branca.
Imaculada.
Pura.
Puta que não beija na boca, mas dá até o rabo.
A camiseta estava branca. Branca.
Tão alva que cegava.
Não. Tão alva que mostrava.
Camiseta é cara. É rosto.
Não sujou porque não conseguiu estar.
Não se entrega. Nunca se entregou, talvez.
Camiseta branca dói de ver.
Mostra a que (não) veio.
Branco é nihil.
Vontade de chorar.
Nunca esteve perto.
Farsa.
Sereia.
Barco virado.
Corpo embaixo.
Desencontro.
Nem um adeus.
sábado, 18 de janeiro de 2014
Vertigem
E se tudo o que foi enviado não tenha um único motivo?
E se viveu sonho e delírio?
Tanto tempo em caixa de vidro-ilusão.
Ilusão é mentira?
Mentira existe?
Ambiguidade morna, emética.
Novamente uma sensação de frio.
Que vem de dentro. Do osso pra pele.
Está gelado dentro do corpo.
Aquela coisa ruim, confusa, de acordar sem saber onde se está.
Dormia, então?
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Não é
Não é sem dor que se reconhece quando um homem quer mostrar que seu interesse pode incluir, literalmente, uma questão de pele. Gato roçando no rosto para mostrar a barba bem feita está longe de ser pura brincadeira.
Não é sem dor que se reconhece que o tempo está acabando e...
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Alguma coisa acontece
Você estragou tudo.
Ela odeia você.
Estúpido, idiota.
Ela odeia você.
Vaidoso, ignorante.
Você estragou tudo.
Inábil, egoísta.
Perdeu tudo: afeto, cumplicidade, carinho, atenção.
Perdeu amor. Sim.
Perdeu admiração.
Merda.
Ela tem pena de você.
Você quebrou aquilo que ela sempre carregou sozinha, com tanto cuidado.
Agora é você que vai seguir sozinho. Carregando cacos.
Ou acompanhado. Pelo espelho. Reflexo.
Narciso que é.
Inclinou-se demais naquela água.
Para além da própria morte.
Matou a alegria que havia.
Cada vez pior.
Praticamente impossível permanecer na mesma sala.
O tempo se arrastou.
E foi levando a possibilidade de um bom encontro.
Tristeza pesa e ocupa espaço.
O corpo ferido vai embora.
Doído e sangrando, conta nos dedos os dias que não precisará mais voltar...
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
Um escuro
Medo de nada dar certo.
Medo de não conseguir dizer o que está entalado.
Medo de não ouvir o que precisa ser reconhecido.
Medo da aparência. Do fingimento e da negação.
Medo da grosseria e da ofensa.
Não há mais simbiose. Mas permanece uma doença.
Um vício.
Um silêncio que foge.
Um silêncio que esmaga e comunica:
Entre nós, só medo.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
365
Ela quer que tanto amor-dor tenha escorrido.
Evaporado.
Ela quer, daqui a um ano, olhar pra tudo com olhos doces.
Ela quer que tudo tenha sido intenso, válido e passado.
Quer ter ficado ainda mais forte e atenta. E doce.
Ela quer manter um sorriso nos lábios, o afeto gigante.
E nada mais.
Pedro falou, tá falado!
E ele diz do alto de seus oito anos:
- Mãe, tirando gente, qual a coisa que vc mais gosta? Igual a armário, flor, montanha?
- Pode ser música? - Ela responde perguntando.
- Pode.
- E vc? (Mãe de curioso, curiosa é...)
- Eu gosto de morcego. E de Tecnologia.
- Sexta é dia de brinquedo! - Comunica o atarefado virginiano para sua avó.
- Tem certeza?
- Tenho sim, a professora falou.
- Vc já está na terceira série... Até quando vc vai levar brinquedo?
- Acho que vou levar brinquedo até a faculdade.
E eu desejo que vc queira brincar por toda a vida...- Mãe, vi um homem tão feio na rua! Ele tava inteiro tatuado nas costas, nas pernas, nos braços e nos dedos das mãos. Fiquei com vontade de cantar pra ele:
"Quando Deus te desenhou, ele tava sem borracha, sem apontador e com o lápis sem ponta..."
Mãe, posso ver o DVD que vc me deu na Páscoa? Pode. Mas não foi o Coelho que te deu?
- Não. O coelho de Páscoa só dá ovo. Presente dá vc e o Papai Noel no Natal...
E ele lê o recado da agenda pra mãe, muito solícito:
"Trazer para a próxima aula uma foto 3 vezes 4,
recente"...Ensinado a tocar flauta doce: "Você tem que prestar atenção e colocar os dedos nos edifícios certos..."
Perguntas "básicas": De onde sai a teia da aranha, da laringe? Qual a coisa mais saudável do mundo?
O que realmente importa: (depois de ter retirado o aparelho ortodôntico fixo) "agora sim vc vai poder apertar minha bochecha e eu vou poder comer chiclete!"
Explicando porque não queria brincar com a garotinha: "tenho vergonha de brincar com meninas do sexo oposto"
Mãe, vc é de que signo? Peixes ou Camarões?Por que os malucos gostam de arte?
- Mãe, por que o Presidente da República é rico?
- Ah, sei lá... Porque ele ganha muito dinheiro...
- E por que ele ganha muito dinheiro se ele não faz nada?Comentário sobre a matéria do Fantástico, a respeito do sumiço do Belchior: "mãe, olha o Gopal!"
De que adianta lactobacilos vivos, se quando a gente agita o yacult eles morrem todos?
Mãe, explica EXATAMENTE o que é fé.