Durante as férias - 2

Você vai ver um desenho animado da Pixar e o primeiro diálogo ocorre após meia hora.
O Robô tem sentimentos, guarda milhares de cacarecos - colecionando o "lixo" humano -, assiste "Hello Dolly" todo dia, até que num deles, uma linda (e inspirada no Ipod) robô chamada Eva vem à Terra procurando vida. Numa das cenas, La Vie En Rose cantada por Louis Armstrong embala o cyber-casal.
Wall-e talvez seja uma obra-prima. Uma mistura de "Planeta dos Macacos" - o primeiro - com os filmes do Chaplin. Angustia essa Terra vazia de gente e com pilhas gigantes de lixo compactado. Assusta os humanos (os extra-terrestres somos nós!) obesos, sem andar, com conforto absoluto e desaprendendo a pensar.
O robozinho é tão doce... Tão melancólico e tão apaixonado pela sua pequena Eva... Precisa ser visto. Quem sabe, re-visto... Walleee!
As crianças certamente gostam, mas as referências a tantos filmes clássicos, a trilha sonora, a inovação das vozes dos robôs, o nó na garganta, o incômodo de nos reconhecermos mecanizados nas atitudes dos humanos, a pureza da coragem do Wall-e; enchem os olhos e o coração dos adultos.
Este filme é de uma delicadeza até a última gota: enquanto sobem os créditos, tem-se uma evolução de imagens iniciadas com "pinturas rupestres", passando por famosos girassóis e chegando a gráficos digitais.
Alguns colocam Wall-e na categoria "comédia". Discordo. A gente morre de rir com o curta que o antecede, "Presto". Considero-o como ficção-científica (espero...) ou uma deliciosa aventura.
Resumindo, você leva seu filho de novo no cinema e assite a uma obra de arte.
Simples assim...