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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Coelho da Alice e o Tatu-Bola

Era uma vez dois animais, um coelho e um tatu-bola.

O coelho não existia e estava sempre atrasado. O tatu-bola estava... em extinção.

O coelho vivia correndo atrás de um tempo que ele não sabia qual era. E viu o tatu-bola.

O tatu-bola já tinha visto o coelho antes, mas este não reparou. Porque o tatu também era bola. E o coelho não enxergava direito.

Aí o tatu rolou pro caminho do coelho. Ele não viu de novo e caiu em cima do tatu. O coelho era bastante atrapalhado...

O tatu falava muito e o coelho ficou impressionado. Mas ele falava muito também e o tatu adorou.

E eles saíam por aí, rolando e correndo, felizes como crianças... O tatu gostava de rolar muito e achava que o coelho daria conta de ficar cada vez mais longe de onde sempre esteve.

Só que o coelho, sempre atrasado, percebeu que estava se perdendo e foi querendo ficar muito perto do tatu. Mas o tatu não queria proximidade. Apenas contato, nunca de vínculos.

E o coelho achou tudo muito complicado, porque vincular era uma forma de estar perto sem prender. Porque o coelho também corre bastante e detesta ficar parado. Mas correr com o tatu-bola era muito mais gostoso!

Só que... Só o tatu-bola pensava que sabia de tudo. Só porque ele conhecia muito mais coisas do que o coelho. Só porque ele tinha duas formas. Só porque o tatu-bola tinha visto o coelho primeiro, achou que conhecia o coelho melhor do que o próprio.

Acontece que o coelho sabia exatamente o que queria. Porque ele tinha as quatro patas no chão sempre. E não (en)rolava. Corria pra fazer o que tinha que ser feito. Não havia tempo!!

Nunca se tem tempo! O tempo é uma ilusão! O tempo é uma sucessão de "algos" para coisa nenhuma. O tatu-bola podia falar isso. Mas o coelho sentia...

Sentia também que o tatu-bola queria rolar diferente com o coelho. Mas ele não falava, só seduzia. E o coelho não queria perder tempo. Os dois já estavam atrasados!

E o coelho se armou de coragem, pegou seus quatro pés de sorte e falou pro tatu-bola: eu quero rolar com você em outros espaços!

O tatu-bola se enrolou, se encapsulou, se afastou. O coelho ficou olhando, depois ele achou que era pra correr atrás do tatu-bola, que tinha sumido. E o coelho ficou correndo em círculos sem perceber.

E o coelho está sozinho, longe de casa. Atrasado. O coelho não sabe voltar, não reconhece os caminhos por onde correu; só via o tatu-bola.

O coelho tem tanta tanta coisa pra fazer, que tudo se acumulou e ninguém além dele faz. Porque o coelho vive sozinho e ainda cuida de mais coelho. E ele está dando pulos, com o narizinho nervoso cheirando um caminho pra voltar pra casa. Mas, no fundo, o coelho queria cavar um buraco. Porque ele não sabe virar bola. E queria ficar dentro dele bem parado, pra ver se o maldito tempo passa, já que o mundo não acabou.

E o coelho é tão tontinho, o coelho-caolho da Alice, que ele esqueceu que não existe. Nem nada do que ele sentiu ou pensou ter vivido. Que ele pode fazer o que ele quiser que ninguém vai ver.

Então ele fica todo vulnerável, tentando voltar pra casa e correndo risco.

De ir pra panela ou pra cartola.

O coelho é da Alice.

É ela a dona da história.

Ela pode pegar o coelho no colo, acariciar suas longas orelhas que escutam tantos conselhos díspares e falar docemente: vai pra casinha.

É só a Alice querer. Porque o coelho está assustado. Redondos olhos vermelhos olhando para todos os lados.

O grande medo do coelho é não conseguir fazer tudo antes de morrer. Porque ele nunca se esquece de que todos vamos morrer. Por que a gente é feito pra acabar.

Realmente, esse coelho não existe.

E o tatu-(comeu)-bola.

E tudo isso é muito triste...

Nenhum comentário:

Pedro falou, tá falado!

E ele diz do alto de seus oito anos:

- Mãe, tirando gente, qual a coisa que vc mais gosta? Igual a armário, flor, montanha?

- Pode ser música? - Ela responde perguntando.

- Pode.

- E vc? (Mãe de curioso, curiosa é...)

- Eu gosto de morcego. E de Tecnologia.



- Sexta é dia de brinquedo! - Comunica o atarefado virginiano para sua avó.

- Tem certeza?

- Tenho sim, a professora falou.

- Vc já está na terceira série... Até quando vc vai levar brinquedo?

- Acho que vou levar brinquedo até a faculdade.

E eu desejo que vc queira brincar por toda a vida...

- Mãe, vi um homem tão feio na rua! Ele tava inteiro tatuado nas costas, nas pernas, nos braços e nos dedos das mãos. Fiquei com vontade de cantar pra ele:

"Quando Deus te desenhou, ele tava sem borracha, sem apontador e com o lápis sem ponta..."




Mãe, posso ver o DVD que vc me deu na Páscoa?
Pode. Mas não foi o Coelho que te deu?

- Não. O coelho de Páscoa só dá ovo. Presente dá vc e o Papai Noel no Natal...



E ele lê o recado da agenda pra mãe, muito solícito:

"Trazer para a próxima aula uma foto 3 vezes 4,

recente"...

Ensinado a tocar flauta doce: "Você tem que prestar atenção e colocar os dedos nos edifícios certos..."

Perguntas "básicas": De onde sai a teia da aranha, da laringe? Qual a coisa mais saudável do mundo?



O que realmente importa: (depois de ter retirado o aparelho ortodôntico fixo) "agora sim vc vai poder apertar minha bochecha e eu vou poder comer chiclete!"



Explicando porque não queria brincar com a garotinha: "tenho vergonha de brincar com meninas do sexo oposto"



Mãe, vc é de que signo? Peixes ou Camarões?

Por que os malucos gostam de arte?



- Mãe, por que o Presidente da República é rico?

- Ah, sei lá... Porque ele ganha muito dinheiro...

- E por que ele ganha muito dinheiro se ele não faz nada?

Comentário sobre a matéria do Fantástico, a respeito do sumiço do Belchior: "mãe, olha o Gopal!"



De que adianta lactobacilos vivos, se quando a gente agita o yacult eles morrem todos?



Mãe, explica EXATAMENTE o que é fé.