Finalmente eu vi você.
Vi da melhor maneira possível: sem recíproca.
Vi que você era você mesma que eu já tinha visto antes.
Vi que você é linda... Mais que demais...
Você é magra.
Você é alta.
Você é branca.
Você é odiada...
Você é vazia...
Você é uma farsa.
Você finge?
Nossa, que vontade de vomitar... Perdão...
Eu não a quero mal, mas tenho tanta raiva de você... Tanta...
Por que será que eu acho que você tem cara de infelinzz?
Que sua vida é mais cú do que cool?
Você tem uma cara de covarde... Sabe essas pessoas que escondem desejos e imperfeições? Dessas que defendem coisas mas não as incorporam... Essas pessoas medíocres, hipócritas? Isso! Você tem cara de hipócrita covarde... Perdoe-me o julgamento, falar assim. Mas é o que eu sinto.
É claro que eu tenho inveja de você! Você tem n-1 coisas que eu não tenho.
Mas eu tenho pena também. Uma pena profunda. Você é um fantasma assombrando nós duas... Ora me lembrando que tem a comunicação, o falo... Ora negando sua natureza. Você tem uma cara de burguesinha-suquinho-de-maçã... Que enjoa... Em alto-mar, em terra firme, na puta que a pariu. E por falar nisso, não é que, de certa forma, somos irmãs?
Eu acho que você lentamente, começa a envelhecer e anda querendo brincar de boneca. Mas isso não vai te acontecer. Não do jeito que está. Mas você nega esse desejo, seu útero é de madeira, de asfalto, de terra, grama, areia, água. Sem líquido amniótico.
E se você não for mãe, a culpa é sua. Não aceite o que vai contra sua natureza. Rebele-se. Afaste-se.
Já pensou se tudo isso for uma grande bobagem? Que papel ridículo... Mas eu não tenho medo do ridículo, acredita? Tenho vergonha...
Sabe, às vezes acho que você também me descobriu. Que sabe tudo de mim. Que também tem inveja de mim - há há há! Que perda de energia - e que tem medo. Isso é estranho, porque eu não tenho medo de você. Tenho raiva, inveja e pena. Mas não lhe quero mal, acredite, já disse isso. Mas essa fantasia que eu criei de que você tem medo de mim, interessa... Eu acho que você tem medo de mim porque eu invadi sua vida. Sem querer. De repente, entrou na sua casa coisas que você nunca viu, risadas que nunca foram dadas. Ausências evidentes. Mudanças de olhar, de jeito de falar, de assuntos. Entrou vida nessa casa!
"Olha só", se você tiver medo, eu entendo. Medo é proteção. Juro que não é uma ameça, mas é pra ter medo mesmo. Sabe por quê? Porque rola intimidade, cumplicidade e alegria. Rola um tesão também. Auto-controle budista que nós temos. Sabe por quê? Porque a gente se respeita. Porque a gente se ama amor de maluco - e isso você conhece bem... Porque a gente não quer (se) magoar. E a gente sabe das limitações de cada um.
É pra ter medo porque é um prazer estar comigo. Porque nossa relação é de iguais, por incrível que possa parecer.
É pra ter medo porque não tem fingimento nem pudores. Tem alegria e criação e choro e beleza e música e poesia e bebida e comida e risadas e gargalhadas, muitas.
É pra ter me medo porque tem leveza.
É pra ter medo porque eu sou perturbadora - desisto de me livrar desse adjetivo - e intensa.
Porque sou sensual e inocente.
E é pra ter medo mesmo porque eu tenho coragem de viver minha solidão. E isso me dá força.
Que você não tem.
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