Que bom que você veio!
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Atrás da taça suada
Ela está bêbada. Beijava todinho.
O sabor da carne na boca. O sangue tinto gelado na taça.
Sim. Hoje ela beijava você. Beijava inteirinho. Você é quem ela nunca terá. Você já a teve na montanha, a noite inteira, também com vinho e outras coisas. Você é quem a ensinou a ser mulher durante dolorosos e intensos anos.
Você é um. Vários. Ninguém.
Sim. Hoje ela beijava você. Beijava devagarzinho. Você é a delícia de uma boca adormecida. Você é memória de um corpo. Na orelha. No coito. Na língua. Nos olhos fechados. No champanhe derramado. No chantilly lambido.
Você é sonho e passado. Algo que não está. Virtual.
Amargo.
Deleite.
domingo, 22 de dezembro de 2013
Triste isso
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Parapeito de doer
Ir e vir de elevador: sobe. desce. não se sai do lugar.
Caminhar na esteira: estar parado.
Intervalo de silêncio entre uma faixa e outra do disco.
Bolacha negra e brilhante, girando bailarina em torno de si mesma.
Minúsculos estalos-poeira-na-agulha.
Ruído que crepita, evita o vácuo.
Olho: um corpo que fecha.
Dobra de janela.
Aberta.
Que convida a dançar.
Lançar.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Não tinha outro jeito?
Perfuraram um corpo mortalmente.
Destruição.
Nunca pensou que o fim seria assim.
sábado, 14 de dezembro de 2013
sábado, 7 de dezembro de 2013
De vidro opaco
Ninguém vê.
Ninguém sabe.
Dor aperta.
Sangue escorre.
Choro molha.
Morrer é sentir nada.
Ocos ecos
Pisca-bate o cursor-coração.
Ouve que é linda, inteligente, criativa.
Mas o que passam são as horas.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
Abrir-se
Continue...
Canta pra menina.
Cuida um pouco.
Ela em tudo acredita.
E sangra.
Há um medo negro-escuro
Em volta
Rondando
A boca do outro diz que ama apaixonadamente
Mas quem gagueja está perto
Um pequeno deslize...
Resta pouco ar...
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Hemorrardia
Aquele pedido de desculpa finalmente fez sentido.
Acaba logo com isso.
Acaba logo com isso!
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
... Na praia
Culpa?
Novidade cristã...
Mentira?
Medo
Recíproco
O que mais é dos dois?
Que mais é pra dois?
Do is make better?
I would preferer not to.
Moi aussi...
Impossível fingir o que se sente.
Negar o que acontece.
Limite para sempre ultrapassado.
Nossa, que dor que escorre...
Peso insuportável.
Inevitável um encontro.
Para agradecer.
E dizer adeus.
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Crianças...
Pegou cartinha da menina de 06 anos.
Ela queria uma boneca.
Papai Noel achou uma linda.
Era uma boneca preta.
Papai Noel ficou na dúvida: e se a menina não fosse preta?
Mas tantas meninas pretas brincam com bonecas brancas...
Por que uma menina branca não pode brincar com uma boneca preta?
Papai Noel comprou a boneca.
Linda boneca preta.
***
Ela se lembrou de quando contava histórias pra ele dormir, do seu livro preferido.
Seu rosto se iluminou! Voltou a ter 04 anos de idade!
Também lembrando do livro, disse com uma seriedade que fez um bolo na garganta dela e o olho encheu de água:
- Sempre que você lia o livro e mostrava as figuras, o fogo do desenho mudava de lugar.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Chegar perto
Delicadíssima forma de expressar um amor.
Difícil separar quando se encontra.
Inesquecível aquele roçar de pele. Barba nascendo e arranhando. Suave e doce.
Dedos se enfiam nos cabelos. Força e desejo.
Bocas se aguam...
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Do outro lado...
Antecipação
Há algo que não encaixa - nem tudo deve encaixar...
Parece que uma coisa vai acontecer
O quê?
A angústia é prima do medo.
sábado, 23 de novembro de 2013
O que se esconde?
Lentamente, foi virando dor. Dor tão funda, que não finda.
Por que o gosto doce se tornou salgado?
O amor sentido, quem sabe, percebido. E não vivido.
Vem daí o choro?
O buraco da escuridão, o amargo da raiva.
Reconhecer que não sabe receber amor...
Vazio que vibra soturno como réquiem em violoncelo.
E a maldita janela parece que espera.
Boca sem dente, aberta.
Querendo comer...
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Sem gosto.
Não sei boiar.
Não sei me deixar levar.
Não sei me permitir.
Não sei fechar os olhos e mais nada.
Não sei me tranquilizar.
Não sei esperar.
Não sei aceitar.
Não sei me perdoar.
E ninguém sabe o que sangra em mim.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
De olhos fechados para ver
Na segunda vez, melancolia.
Na terceira vez, asfixia!
Canto e dança e música.
Corpos cada vez mais próximos.
Alegria, amor e calor envolvem.
Isso basta e alimenta e continua horas depois.
(Memória atiça um corpo)
Ninguém sabe dançar.
Ninguém sabe.
Não é segredo.
É sagrado.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Uns nós
Parece não acreditar no que vê: a boca mexe num abre-e-fecha sem som.
Ela olha em volta e aquelas paredes lhe dão a sensação de comprimi-la.
Ela olha pra ele, que continua em sua fala muda sem saber da angústia que a assusta.
É o jeito preferido dela estar com ele: sozinhos. Mas ela não relaxa.
Sente o tempo congelado dentro daquela sala, mas tudo girando freneticamente à sua volta. Ela teme desmaiar.
As palavras dele voltam a ter som. Uma certa conversa se instaura, mas há uma eletricidade no ambiente: ambos fingem, talvez. Talvez quisessem estar em outro espaço, fazendo outra coisa.
Querem estar juntos. Os abraços apertados são bons, mas ela não consegue retribuir dessa vez. O corpo mole não aperta, porque se fizer isso, capaz de não soltar. Segura choro e vontade de aninhar, frente a mais uma história triste. Quanta dor cabe no espaço-vida...
Sente que quer ficar perto, conta histórias, lamenta-se sobre o que tem observado por aí. Fala de si?
Parecem caminhar lentamente para algo irresistível e incontrolável. Mas recuam. Ambos. Medo e desejo, diz a música...
Confusão, ambiguidade, vontade de estar perto. Saudade.
Quanto sentimento cabe no espaço entre esses corpos?
Pela primeira vez viu que não era a única a querer estar perto.
Pela primeira vez falou de coisas que saíram do plano virtual, tornando-se "reais", virando corpo-mensagem. Cenas perturbadoras: a performance, a poesia, o texto mortal desferido num dia de amarga dor. Soube, enfim, que o que enviou foi recebido.
A comunicação sempre existiu. Na fala, na escrita. No silêncio. Na loucura. Na alegria.
Pela primeira vez sentiu medo da reciprocidade.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Des-ato
Ou percebeu e nada anda importando?
Ou o que importa é estar junto a qualquer preço-hora?
Logo se compartilhará o amoroso silêncio.
domingo, 10 de novembro de 2013
Amor e montanha
No filme maravilhoso, a história de um amor cheio de dor e dúvida.
Mas havia a montanha, o cozinhar, o forno à lenha.
Aquele ambiente rude, diferente do que se vive, não é mais estranho.
Memórias intensas do que viveu vem à tona.
Às vezes se esquece do que é ser amada longamente...
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Entre lobos e ovelhas
"Olha só", se você tiver medo, eu entendo. Medo é proteção. Juro que não é uma ameça, mas é pra ter medo mesmo. Sabe por quê? Porque rola intimidade, cumplicidade e alegria. Rola um tesão também. Auto-controle budista que nós temos. Sabe por quê? Porque a gente se respeita. Porque a gente se ama amor de maluco - e isso você conhece bem... Porque a gente não quer (se) magoar. E a gente sabe das limitações de cada um.
É pra ter medo porque é um prazer estar comigo. Porque nossa relação é de iguais, por incrível que possa parecer.
É pra ter medo porque eu sou perturbadora - desisto de me livrar desse adjetivo - e intensa.
Porque sou sensual e inocente.
E é pra ter medo mesmo porque eu tenho coragem de viver minha solidão. E isso me dá força.
Dos desejos
Resolver
Limpar
Lavar
Guardar
Arrumar
Ganhar
Começar
Qualificar
Passar
Trocar
Rever
Estreitar
Viajar
Conhecer
Receber
Um beijo
sábado, 2 de novembro de 2013
coisa
Às vezes tem-se a certeza de que muita coisa aconteceu.
É difícil sair da dicotomia. Porque alguma coisa aconteceu.
Olhos se fitaram.
Corpos se tocaram.
Sorrisos se cruzaram.
Segredos se confessaram.
Machucados se curaram.
Pequenas solidões se dissiparam.
Parcerias se fizeram.
Alegrias se somaram.
Dores se apaziguaram.
E se alguma coisa aconteceu
É porque outra coisa virou.
Sabia que tá doendo?
Tá doendo esse não-sei, esse sei-lá, essa sensação de morte.
Tá doendo essa saudade de gente.
Essa saudade de coisa (não) vivida.
Tá doendo ver
Que não está nem aí.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
domingo, 27 de outubro de 2013
Assim eu quis...
Só mexer em seus cabelos.
Vê-lo dormir coberto de cansaço.
Enquanto vejo um filme ou ouço uma música
E agradeço.
Simples.
Impossível.
sábado, 26 de outubro de 2013
"Ternossensível"
A tesoura que rasgou as folhas precisou de força.
A força veio da raiva? Da inveja? Do ciúme??
E a Kate Winslet da Silveira, descagando em alto-mar?
Vontade de vomitar...
Bem-vindo ao mundo dos sentimentos que enojam-enjoam...
Sinta tudo isso logo e livre-se!
Gente mesquinha não merece nossa energia.
Vamos?
Pode-se falar horas. Falou-se por horas. Delícia pra ambos.
Mais atividades depois. Tudo fluía. Mal sabia que ainda não acabaria.
E o brinde à vida? Congela tempo, por favor...
O fantasma veio à tona dolorosamente.
Mas o dia também veio.
E ficou inesquecível...
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Corpo da mensagem
Como será que se sente?
Alívio ou saudade?
E amanhã, como será?
E todos os outros amanhãs?
Gozo com as palavras.
Gozo nas palavras.
Palavra não é corpo.
Mas palavra pode.
domingo, 20 de outubro de 2013
Fora do padrão
Os deuses estão brincando?
Tantas coisas os separam...
Oceanos, serras, corações...
Com certa vergonha, reconhece
Que poderia amar os dois.
Via de mão dupla
"Nunca esqueço de você".
Ela também.
Era o que queria ler.
E leu.
A perturbação é mútua.
O amor também?
Carinho é amor sussurrado?
"Nunca esqueço de você".
Sabe a força que isso tem?
E a força que ela fez
Pra deixar de sentir isso?
Escondeu, escreveu, fugiu.
Aceitou.
Nada disso resolveu.
"Nunca esqueço de você".
Nem ela.
E a ilusão vestida de fantasia
Vem poderosa, linda.
Uma brilhante mentira.
Doces beijos mudos surgem
Selando um amor potente
Porque nunca realizado.
De fato, apenas uma frase:
"Nunca esqueço de você".
Que ninguém sabe muito bem
O que isso quer dizer.
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Flores nada secas
Um cuidado quase invisível.
Deixou mudança e lembrança.
Deixou amor.
Que carrega consigo.
E sente.
Muito.
Fantasma
De tanto gritar, a garganta não responde.
A alegria.
Há alegria.
Mas aquela sombra paira. Estão um pouco menos longe.
Não adianta. Queria estar perto.
E só isso bastava.
sábado, 5 de outubro de 2013
Eu te amo também...
A alegria do retorno, que surpresa!
Risadas. Tantas! Como antes. Como sempre.
As palavras brotavam
Os silêncios podiam. É lindo ver o amor te olhando.
Ainda que uma morte rondasse.
Uma morte de um corpo.
Uma morte de um sonho.
De um reencontro.
Uma morte que será de todos nós um dia.
domingo, 29 de setembro de 2013
Perdão
Beber até o fim.
Sangrar até o fim.
Jorrar.
Vomitar.
Descer...
Doer...
Aquela lágrima que caiu por mim
Doeu em mim igual as tantas que sempre derrubei
Não houve coragem sequer para falar o porquê daquela gota escondida
Mas será impossível seguir
Sem viver uma história anterior
Inteira
E aberta
E humilde
E sozinha
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Diferença e repetição
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Num vem não...
De mansinho, morninho
Mexer com quem tá quieto
Cutucar, deslocar
Enganar
Ninguém vai avançar
O tempo já passou (ele nunca permitiu)
Vai doer tudo.
De novo.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
No fundo é o quê?
Deixa um corpo quase dolorido.
Olhos secos.
Cabeça rodando.
E escreve escreve escreve.
Três coisas ao mesmo tempo. Quatro, na realidade.
Não termina nenhuma. Leva dias pra acabar uma.
E a ilusão ronda como bichinho na luz.
Tomara que morra.
Dando espaço pra libertação.
domingo, 22 de setembro de 2013
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Tempinho bom.
Do que nunca será. Do que poderia ter sido.
Olha com doçura. Muita, muita.
Carinho que não acaba, permite qualquer coisa.
Amor, na verdade.
De verdade.
Com verdade.
Que aquece, envolve.
E silencia.
sábado, 24 de agosto de 2013
Guarda.
Ternamente.
Olhos redondos que olham sem piscar.
Suspirando.
Olhos desejantes.
Ardentemente.
Amorosamente.
Hoje é silêncio e distância.
Mas esses olhos já olharam corpo.
E anima...
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Um carinho sem fim...
Disse adeus quando chamou pelo apelido - os olhos arregalaram quando compreendeu a despedida. Não conseguia chamar assim. Agora pode. Nada teme porque nada esconde. Finalmente tudo às claras.
Disse adeus quando foi embora sem se despedir.
A prioridade agora é outro.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Será que sabe o q perdeu?
Que nunca mais se separe!
Que pra sempre se respeite.
E ame.
sábado, 3 de agosto de 2013
Quem ama...
Ele:
- Pegou tudo?
Ela:
- Acho que sim.
Ele vai ao quarto e volta com a cartela de remédios que ela toma todos os dias em jejum e que deixa embaixo do travesseiro e diz sorrindo:
- Não pegou não...
sábado, 27 de julho de 2013
Anche io
sábado, 20 de julho de 2013
Em Amsterdan, no aeroporto
Uma mulher fumava normalmente... Um belo back.
Policiais armados de cacetetes, armas de choque e cachorros pretos enormes recebem os passageiros antes deles pisarem na Holanda.
Um grupo enorme de turistas orientais. Clichesinhos ambulantes: camisa estampada, chapéus e máquinas fotográficas.
E a loira loiríssima. E sua mala roxa, lindíssima. Que anda sozinha, pois a lei da inércia é implacável. Empurrou e lá foi embora a mala. Engraçado a loira correndo atrás de sua bagagem...
Sempre avisando que não fala inglês. Mas chegaram a perguntar: você é turca? Bem difícil segurar a risada.
Finalmente hora de ir pra Itália. E não é que apita no detector de metais? Que desagradável... Mãos nos peitos, nas costas, entre as pernas, até na vagina, dentro dos bolsos... O que achou?
A policial, nada.
A pobre passageira, o fim da picada...
Nem tinha ido viajar...
Não era só a carinha... Ainda bem que foi ajudada com o check in "self service".
Mas a francesa grossa quis que ela fosse pro fim da fila. E ela foi. Mas antes conversou com seu amiguinho que tinha uma amiguinha. Ambos foram ver o que estava acontecendo. Era simples: a grosseria é irmã da burrice. Se o passageiro errou ao se aproximar sem ser chamado, ela errou ao mandá-la para o fim da fila "em respeito aos demais passageiros". O que ela queria era mostrar um poder que não tinha.
E que o passageiro também não tinha. Mas tinha potência. Na forma de ajudantes surgidos de um bom encontro.
Oxalá ela nunca mais tente humilhar alguém. O passageiro não havia saído da fila errada. Apenas se aproximou sem ser chamado. Se isso era erro, ambos erraram.
E a francesinha ridícula ouviu isso. E todo mundo do aeroporto também.
domingo, 14 de julho de 2013
Fora do corpo
Ou nela.
Vê tudo correndo: objetos, sons, dias.
Assustadoramente rápidos, não percebe o que já se passou.
O que está se passando.
Parada no meio da sala, não sabe o que fazer.
Parada em frente à tela, não sabe o que fazer.
Vê as coisas nela porque não vê com os olhos da retina.
Mas também não é o olho da nuca, como diz Pessanha.
Ela não sabe o que vê.
Ela chora.
Copiosamente.
Intensamente.
Treme.
Olhos ardem. Garganta fecha.
Corpo responde com dor às perguntas mal-formuladas, balbuciadas.
O homem-bonito é fantasma.
O homem-distância é presença. E promessa. E sonho bom.
Coragem, ela tem! Tantos dizem...
Porque vai pra Itália? Ou porque vai ver o sonho na pele?
Sabe o que é chorar, 3, 4, vezes por dia?
Vai pra Itália buscar o quê?
Vai pra Itália?
Itália?
Itália!
Itália...
Se escrever muitas vezes, enfim acreditará que está indo pra lá?
Desejo não move, empurra...
Faz vento. Frio.
Frio como o medo. Que tanto sente.
Sabe nada das coisas, por isso tanto medo. Um pouco burra, quase estúpida.
Inocente, ele diria. Que mais ele diria? Veja Morte em Veneza... Foi o que disse. Ficou pirado também, mexido. Pirex... Não é fax, não.
Na sua violência ridícula, esfrega a Itália na sua cara linda: diz quando embarca, feliz e sorridente. Sente que abriu o chão sob aqueles pés.
O que ela quer é esfregar a Itália no seu próprio corpo também. Pra ensaboar e lavar a alma. Tirar a gosma de tanta afetação e superfície.
Adesso è bellíssima dobra!
Capice?
Vê as coisas com o olho da hipófise.
O olho da hipótese.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Dá licença?
Entrou sozinho...
Há de sair...
Ou será necessário força bruta?
terça-feira, 9 de julho de 2013
Tamanho da importância
Outro desiste da viagem, há semanas planejada, para conversar e tranquilizar a menina a respeito de pendências.
Porque cada um dá o que tem.
Ela é feita de quê?
Densas, intensas, distantes? Fortes, claras, diretas, certeiras?
Sotaques?
Cantados, lentos, familiares?
Distâncias?
Coronárias? Geográficas?
Trocas?
Linguísticas, filosóficas? Inteligentes, sorridentes, afetuosas?
Sons?
Arnaldo Antunes? U2?
Respostas?
"Preferiria não"? "Sim! Sim!! SIM!!!"
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Deu bobex...
Lamentex
Bobex não é fax não...
Ela não tava de brincadeirex.
Nunca está. Pirex não é fax não...
Firmex?
terça-feira, 2 de julho de 2013
Doeu um dia. Agora, alegria.
Ela sempre o amará.
Impossível não amá-lo.
Só não sofre mais por ele.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Uma comunicação virtual...
Aceitar o que acontece é uma chave para permitir o novo.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
So(p)ro de vida
A gota se forma, lentamente.
Cresce, balança e cai.
E desce, também lentamente.
Por todo o percurso até alcançar a veia.
E amenizar a dor.
Curar, quem sabe.
terça-feira, 25 de junho de 2013
Babaca
Tudo rápido?
Videoclipe?
Devir-adolescente?
E se disser que sente que está puto com ausência que virá?
Sumir! Sumir! Sumir!
Silêncio total!
Ranzinza?
Velhote?
Não!
Criança mimada que tudo quer!
Sumir!
Falta pouco ...
Logo acaba
Não é perda de tempo, né?
É ganho de tempo...
Sabe o que vai acontecer?
Quando tudo acabar
Virá o arrependimento de não se lançar.
Lamentável.
Mas pra quem não assume sangue, suor, lágrimas
Resta um blá-blá-blá...
Babaca!
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Do nada
Mesmo sonho sendo uma realidade.
Tem uma verdade, tem um fato, tem uma história.
Cotidiano normal, tenso, tranquilo.
Não cabe, tá sobrando.
Cai fora!
Tudo certo com a família margarina.
Vai dormir agora.
Acordar em 3 horas.
E abrir o olho - porque sempre pode se machucar ainda mais.
Tá cansada até de chorar, né?
Talvez deva fazer as malas e conhecer outros possíveis.
Ciao S. Bernardo!
domingo, 23 de junho de 2013
Da necessidade em se engolir sapos
Enjoo em terra firme, como diria Kafka...
Para vomitar sentimentos embolados?
Os enigmas voltaram...
Cante intradução em seu ouvido e sigam suas tragédias...
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Brincar de killer
É porque alguém viu...
Num outro espaço,
espera-se a história de Golem...
Aparecendo lá...
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Ôôôô....
E para!
E desequilibra e ri
E tudo gira junto?
Aqui está assim...
Mania de...
Aquela frase manjada, já confessada...
E sempre abafada.
Só por algum tempo
A raiz (rizomática) da dor.
E da alegria.
E depois?
Saberá também?
quarta-feira, 19 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
À francesa?
Quer conversar, elogia.
É bom.
Mesmo não sendo o que se quer(ia).
segunda-feira, 17 de junho de 2013
O que é um tempo? Um verbo?
Vou te vi
Ali deserta de qualquer alguém
Penso, logo irei
Que seja antes minha que de outrem
Quando o vento fez do teu vestido
Um dom que Deus te deu
Claro que eu rirei
Ao vendo o que outro alguém não viu
E me chegando assim te cercarei
Digo, aqui tô eu
Que te amo e às tuas pernas quero bem
Já que estamos nós
Te sugeri-me então o que fazer
Claro que eu beijei
Ao tendo o que outro alguém não quis
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Foi na hora em que eu te vi
E mais que tudo
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Na hora em que eu te quis
No teu chegado e tu chegada ao meu
Penso, grande é Deus
Um paraíso prum sujeito ateu
E pensando assim
Farei aquilo que o teu gosto quis
Claro, eu já ganhei de volta
Tudo o que eu quiser
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Foi na hora em que eu te vi
E mais que tudo
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Na hora em que eu te quis
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Foi na hora em que eu te vi
E mais que tudo
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Na hora em que eu te quis
domingo, 16 de junho de 2013
Desejozinho
sábado, 15 de junho de 2013
Não sai da cabeça...
E no sorriso iluminado.
Na parede de cor ferrugem, destacava-se a beleza, à sua frente.
Risadas. Gargalhadas! A alegria impera.
Almoço delicioso, de comer rezando...
E aquele olhar, desconcertante, de paralisar.
Chamando?
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Só por hoje
Então dança criança! dança!
Rodopia!
Pira!
Grita!
Aaaaaaaah!
Ah..
AH
A
Alegria!
quarta-feira, 12 de junho de 2013
sábado, 8 de junho de 2013
Sim, sempre...
De uma delicadeza ímpar...
A responsabilidade é grande.
A oportunidade, única - mesmo ouvindo que haverão muitas outras.
(Tão lindo isso...)
E é bom estar junto.
Uma alegria!
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Ah e tudo começa...
E a vida é feita de entres...
E esses "e"s que tanto permitem...
Só temos o meio, sei disso.
E o que tem no meio do meio?
E...
sábado, 1 de junho de 2013
Navalha na carne
A rede esconde-mostra tantas coisas...
Esmiúça uma vida. Sente inveja...
Viagens, beleza, corpo magro, academia - não aquela, vulgar...
Tantas histórias... Será?
E vidinha chinfrim, tem graça?
O que é vida chinfrim? É vida normal, sem sal?
Toda montada em clichês?
E se essa vida não for nada normal?
For dura e tensa e fértil e corajosa
Exposta a dores e delícias
Amor, carinho, sexo, lealdade, traição, ilusão, perda
Vida e morte, transformação
Velar quem se ama, antes, se despedir, antes, brigar e se entender, antes, cuidar
E o ventre que abrigou e criou vida?
Que palavra nomeia o chute da vida gritando de dentro da sua barriga?
Que palavra nomeia teu peito cheio de leite, extravasando amor, esvaziando em alimento que a pequenina boca chupa e a minúscula barriguinha enche?
E a dor de ver o sangue escorrendo do corpo que você mais ama?
A primeira palavra dita
A primeira palavra dita corretamente
A primeira palavra dita sem gaguejar
A primeira palavra ouvida e repetida
A primeira palavra lida
A primeira palavra escrita
Todas conquistadas com apaixonada terapia. Sem materiais. Sem glamour. Sem beleza e sem perfume. Em meio a doenças, negligências, violências. Remédios, tremores e mutilações. Deficiências.
Vida sem dobra, em carne viva.
Loucura na pele, no olho, na cabeça, no ouvido.
É bonito falar de Artaud... Mas tua mãe foi amarrada no Anchieta?
Você já quase sentou no banco do ônibus lotado, misteriosamente vazio porque alguém vomitou nele?
Apontaram uma arma pra você durante sua gravidez?
Você conheceu sua irmã na adolescência?
Você foi aplaudida por uma classe inteira, incluindo os professores, depois de ter lido um texto seu?
As pessoas choram com o que você escreve? Com o que você faz por seus filhos?
Quantas lágrimas você pôde enxugar?
Várias pessoas cuidaram ao mesmo tempo de você?
Você desistiu de querer morrer?
Vida sem dobra é maldição.
É dor que não acaba.
E o que nos aproxima do mundo que não vemos.
Mas que somos.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Enquanto o táxi não vem...
Braços apoiados nos joelhos
Sorrindo
Cantou Caetano
"Qualquer Coisa"
Sorrimos com lábios e olhos
Sabíamos a origem do verso
"Da maior importância"
Conheceu a história da letra
Jeito incomum de demonstrar...
terça-feira, 28 de maio de 2013
Tem importância?
terça-feira, 21 de maio de 2013
E e e e ...
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Umas ações
Gostem.
Critiquem.
Mas:
Não julguem.
Não menosprezem.
E, acima de tudo,
Assumam que conhecem.
Beleza rara
O que tem de bonito é a rapidez de raciocínio: muita criatividade.
O que tem de bonito é a emoção: os olhos brilham.
O que tem de bonito é a parceria: se completam deliciosamente.
O que tem de bonito é a simplicidade: estào juntos e ( se) bastam.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Quando?
Um dia vai parar de chorar...
Um dia vai parar de pensar...
Um dia vai deixar de pesar...
Um dia fica tudo para trás...
Um dia.
Um dia...
terça-feira, 14 de maio de 2013
Fim...
Ela já disse tudo e está leve.
Ele não reconhece o que sente.
Ela sente a dor da impotência.
Ele mente em coisas tolas.
Ela finge acreditar.
Ele se espanta com a franqueza.
Ela, com a falta de coragem.
Ele fala e age e fica igual criança.
E ela o ama ainda mais.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Doce criança
Pessoas são más, tu já sabias...
Doce criança, por que choras?
Pessoas são egoístas, tu já sofrestes...
Doce criança, por que choras?
Pessoas não conseguem secar tuas lágrimas
E ainda te fazem chorar mais...
Doce criança, por que choras?
Tu já deverias ter aprendido que cada um dá o que tem.
Doce criança, pare de chorar...
Porque de uma pessoa, tu,
nunca,
Coisa nenhuma receberás...
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Um não pertencer
Cheiros: perfume, cigarro, petiscos, cerveja, conhaque.
Olhares: sedentos, vazios, sorrisos, distantes, brilhantes, cansados.
Corpos que se encostam, dançam, se mostram, atravessam, desiquilibram, se escondem.
Corpos não são apenas corpos.
Corpos são porções de algo que constituem outro algo.
Um hífen entre palavras na tentativa de aproximação. De ideias. De significantes. De conjuntos.
Corpos-pessoas, corpos-vitrine, corpos-desejo, corpos-vazio.
Corpos-zumbis.
Pareciam, na verdade, não quererem estar ali.
Por que estavam, então?
"Uma coisa nunca é uma coisa só".
Que mais que é, então?
Por que os corpos não conversam, não ouvem a música e apenas dançam? E bebem... E comem?
Não existem mais bons encontros?
E a lágrima cai no meio do bar. Só Montanha vê. Não entende nada. Ninguém entende...
Talvez um dos corpos seja incompossível.
E seu lugar seja o da dobra.
segunda-feira, 29 de abril de 2013
Do início ao fim
sábado, 27 de abril de 2013
Sinal verde
No fundo do olhos.
Teus olhos claros.
Pequenas pupilas.
Avermelhados de cansaço.
Brilhantes de ideias.
Te olho nos olhos.
Quando você (não) vê.
Quando eles sorriem.
Quando eles se espantam.
Te olho nos olhos.
No fundo dos olhos.
Quando eles nunca dizem.
O que você insiste em falar
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Mais forte que o amor
O limite é linha, tênue, que diz no silêncio: impossível prosseguir.
O limite pode surgir de repente, surpreendente, assustador.
Simplesmente, o limite tem nome, sobrenome, profissão e um rosto.
O limite é a constatação de que não se conseguirá enganar um vértice sem machucar a si próprio.
O limite é mais forte do que tudo.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Não adianta nada...
Quantos ia?
Quantos podia?
Quantos queria?
Quantos faria?
Contar o tempo é mesmo um passado imperfeito...
domingo, 21 de abril de 2013
Uma coisa sem tamanho
Ninguém vê o que ela enxerga.
Ninguém acredita. Pouco tempo? Três minutos sem ar e morremos.
Ninguém pensa nas (des)razões.
Ninguém se arrisca a viver tamanho sentimento.
Ninguém escuta o som forte envolvendo e convidando a se deixar ir.
Ninguém sabe (nem ela) porque é assim.
sábado, 20 de abril de 2013
2014?
Cadê o dia da tarefa cumprida?
Cadê o dia de nunca mais esperar por nada?
Cadê o dia de nunca mais ser enganada?
Cadê o dia de não ser mais iludida?
Cadê o dia de não mais ocupar os mesmos espaços?
E, enfim, desatar os sufocantes laços...
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Diga...
Eu já estou calada, não estou?
Também estou à mostra.
Então, revele tenuamente que gosta.
Diga que sente saudades, diga, por favor...
São tantas músicas, poemas, histórias
de 800 anos ou um dia
Diga que sentes saudades, diga, por favor...
Não por nada, mas pra fingir que se pode amenizar minha dor...
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Assume
Não há vítimas. Só gente grande.
Assumir os desejos e riscos é pra quem é livre.
Liberte-se!
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Eu odeio vc!
Suas omissões.
Odeio vc a enganando. Tão linda, tão nova, tão batalhadora. Um "eu" bem melhorado.
Eu odeio vc encantando. Sereia-morte virando os barcos tolos que só querem navegar...
Eu odeio vc querendo me transformar nela: mesmo tema, teoria, linhas, devires, dobras, potências e poderes, música e Clarice...
Mas se vc já a tem, porque insiste em me forjar?
Quanta loucura! Que nojo! Quanta tontura! Vou vomitar!
Quero por vc pra fora deste corpo que vc invadiu do modo mais perverso.
A máscara caiu e espatifou-se. Ai de vc se se fizer de vítima! Egoísta canalha!
Pobre menina TOnta, TOda suja de tinta...
De Frida, de Dali...
Daqui eu vejo o horror de uma vida estranha. Aparências. Cada um em seu mundo.
Autistas. Artistas?
Espinozistas... Eu sim! Busco ser livre, o que vem de fora não me domina, não me impede.
Eu odeio vc! Vc não cuida dela! E ela se afasta. Cada vez mais... Vc não a respeita.
E me fez me perder de mim...
sábado, 13 de abril de 2013
quinta-feira, 11 de abril de 2013
terça-feira, 9 de abril de 2013
A coragem é mãe da alegria
Estão quites, mas doídos.
Estão certos, mas surpresos.
Estão quietos, mas serenos.
Estão juntos. E fortes. E basta.
domingo, 7 de abril de 2013
Porque não se pode mais voltar...
Não porque ficou longe demais.
Não porque se está cansado demais.
Não porque se está perdido.
Simplesmente, não há mais estrada. Nem origem.
Atrás é sombra e escuridão. Sequer é possível virar o pescoço, pois a dor paralisa.
Mas como seguir em frente sem referências?
E sem saber para onde se (es)vai?
Acendam as Luzes!
Levanta-se da cadeira.
Enxuga as lágrimas.
Sai devagar e em silêncio.
Foi dor enquanto durou.
Provável errar o caminho de volta. Não há metáforas quando se sente perdida.
Sozinha, aceita humildemente que a loucura do outro desperta a sua.
Sem forças, não vê. Outra saída.
A porta da rua.
Meio-fio de navalha.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Pensa que eu não sei
Que sabe o que ela sente. O que deseja.
In-com-ciente. Fazer o quê?
É doença? Parece.
Assusta? Muito, muito.
No exato momento em que pensava na saída para escapar da dor.
No instante de lamentar a decisão cortante, de reconhecer o peso de um segredo e do alívio inocente de não ter invadida, pela primeira vez, sua caixinha preta hiper-colorida, chega a mensagem vinda do alto, nunca endereçada a ela...
Até parece...
Pensa que eu não sei...
terça-feira, 2 de abril de 2013
Uma coisa assim
Da Maior Importância
Caetano Veloso
Uma coisa assim
Era um movimento que aí você não pôde mais
Gostar de mim direito
Teria sido na praia, medo
Vai ser um erro, uma palavra
A palavra errada
Nada, nada
Basta quase nada
E eu já quase não gosto
E já nem gosto do modo que de repente
Você foi olhada por nós
De você perguntar o meu signo quando não havia
Signo nenhum
Escorpião, sagitário, não sei que lá
Ficou um papo de otário, um papo
Ia sendo bom
É tão difícil, tão simples
Difícil, tão fácil
De repente ser uma coisa tão grande
Da maior importância
Deve haver uma transa qualquer
Pra você e pra mim
Entre nós
Vá embora, vá!
Há de haver um jeito qualquer, uma hora!
Há sempre um homem
Para uma mulher
Há dez mulheres para cada um
Uma mulher é sempre uma mulher etc. e tal
E assim como existe disco voador
E o escuro do futuro
Pode haver o que está dependendo
De um pequeno momento puro de amor
Não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique
Você não teve pique
E agora não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique
Mas você
Não teve pique
E agora
Não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique
A força da farsa
Por que não vive de verdade?
Por que não se liberta dos fantasmas atormentadores?
Por que não dá a mão a quem lhe estende?
Por que se esconde?
Por que mente? Tanto, tanto, tanto...
Por que finge? Tão bem, tão bem!
Por que não sente culpa, remorso?
Por que não se importa?
Por que não se permite amar verdadeiramente?
Por que não se permite sofrer verdadeiramente?
Só porque só sabe fazer sofrer?
domingo, 31 de março de 2013
Dúvida (mais que) cruel
Só hoje.
Dizer exatamente o que eu quero ouvir.
Escrever exatamente o que eu quero ler - mas endereçado a mim, com meu nome. Algo egoisticamente meu.
Alguém pode me amar intensamente?
Só hoje.
Roubar-me um beijo.
Pegar meus cabelos. Pegar-me pelos braços.
Segurar meu queixo enquanto diz que me ama.
Alguém pode me amar?
Corajosamente?
Escandalosamente?
Generosamente?
Alegremente?
Merecidamente...
sábado, 23 de março de 2013
Na cara do
Não pra ter carapaça e proteger meu interior, viscoso.
Eu queria ser ostra.
Não pra ser difícil de abrir.
Eu queria ser ostra.
Não pra ficar afundada no mar.
Eu queria ser ostra.
Pra fazer pérola de tanta dor que me come por dentro.
segunda-feira, 18 de março de 2013
Recado para uma idiota
É de tirar o chapéu a maestria de incorrer no mesmo erro.
Espetacular a graça com que corre atrás do próprio rabo.
Como se sente do alto do andor, ó Mártir, bálsamo dos humanos incompreendidos?
Permaneça na ilusão que seus olhos de Justiça absolverão os pobres humanos imaturos... E o amor reinará.
Sofra tudo, beba esse fel amargo de relevar a qualquer custo até a última gota.
Envenene-se homeopaticamente.
Morra e vá para o quinto dos infernos!
Lugar onde queimam as românticas estúpidas que amam tornando-se objeto de gozo do outro.
domingo, 17 de março de 2013
Nem todo mundo é igual
Correr atrás de presas - fáceis ou difíceis - não lhes dá prazer. Principalmente, porque gente não é presa.
Há pessoas cuja coragem e medo se misturam, mas não se sobrepõem por muito tempo. Principalmente o medo.
Essas pessoas têm um profundo respeito pelo outro. Principalmente o respeito ao direito de ir.
Se o outro quiser, vai.
Essas pessoas podem até esperar.
Mas elas não prendem.
Muito menos vão buscar.
quinta-feira, 14 de março de 2013
Não e não...
Deixar claro o que não se quer.
Já que não doer é inviável.
Porque voltar atrás não é possível.
E insistir na vida não é fácil.
segunda-feira, 11 de março de 2013
Bem perto
Quanto olhar cabe num desejo?
Quanto desejo cabe numa boca?
A boca que fala na orelha
Avisa o mesmo que o olhar desvia?
domingo, 10 de março de 2013
Ética da Coragem
Vai e vem.
Às vezes uma ondinha e sua espuminha, branquinha.
Dedos dos pés descalços fazem buracos na areia. Fundos o suficiente para desequilibrar.
Engraçado esse joguinho de perder o chão.
Porque é brincadeira, porque é controlável. Porque é bem pouquinho.
Gostosa essa sensação de liberdade.
Vento na cara e nos cabelos.
Sem pressa.
Em paz.
Paz ciente.
De que algo bom há de acontecer.
Melhor: algo bom já está acontecendo.
A compreensão de que só existe o meio, o agora, o presente.
Voar é para quem se respeita.
quinta-feira, 7 de março de 2013
1, 2, 3 e...
Diga que não há engano.
Diga que a alegria também lhe aperta o estômago.
Diga que está perto, bem perto, pertinho, colado,
O momento, o merecido momento
Em que nada precisará ser dito...
segunda-feira, 4 de março de 2013
Sentindo uma audição.
"Até quinta".
domingo, 3 de março de 2013
Terra de cego
"E agora? Melhor ou pior?"
Sentada na cadeira do oftalmo, tudo escuro, exceto a parede com as letras escritas.
Qualquer lente serve.
Nenhum grau é suficientemente forte.
Enxergar para quê?
sábado, 2 de março de 2013
(d)existe
Não se extirpa uma dor.
Não se aplaca uma saudade.
Não se abandona um desejo.
Não se resolve um sonho.
Não se espera "nada".
A única luta é não chegar na janela.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Uma coisa que escapa
Assusta porque não tenho controle.
Assusta porque parece uma perda.
Assusta porque não sei o que é.
Algo me escorre entre os dedos.
Frio e fluido como água. Um tempo que nunca mais volta.
Algo me escorre pelos dedos e me abandona lentamente.
Esse começo de um fim me congela, paralisa e apavora.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Sempre
Abraça.
Beija.
Fala.
Olha, olha, olha...
Flutua.
Inspira.
Brinca.
Divide.
Confessa.
Corre.
Foge.
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Um espaço intenso
Vácuo.
Ausência.
Nega-ação.
Um nada.
Um buraco de silêncio é fundo.
Escuro.
E úmido.
Fértil?
Potência?
Devir?
Sonho?
"O sonho é uma realidade"
E o que é realidade?
sábado, 23 de fevereiro de 2013
É que o amor não se dissolve assim
BR-PUI-10-00663, CD duplo "Amor festa devoção (ao vivo)", Maria Bethânia, Biscoito Fino, 2010 o fim
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Porque já se atingiu o limite...
Menininha Triste
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Bicho assustado
Mas antes ele tenta fugir de todas as maneiras, talvez por isso acabe se encurralando.
O gato está vulnerável, à mercê de outro ser cujas ações ele não entende.
Se ele consegue se esconder, nada o tira do lugar. Passa dias e noites. Sem água, sem comida, sem luz. O quanto seu corpinho felino aguentar.
Essa miniatura de leão, mais parece um ratinho...
A única coisa que ele precisa é confiar. Reconhecer que não lhe farão mal. Sentir no ar cuidado e atenção.
Então ele sairá lentamente. Pata por pata; à espreita, mas confiando. Gestos vagarosos, olhando pra todos os lados.
E encontrará uma mão estendida. Que também vai se esticando lentamente, estirando cada fibra muscular, dedos levemente dobrados, quase que em posição de repouso.
A mão é um sinal de que está tudo bem. Uma bandeira branca, um chamado: pode vir.
O gato quando olha e confia nessa mão se aproxima dela. Seu focinho úmido e gelado encosta nos dedos, empurra com a cabeça levemente a mão e passa a boquinha nesses dedos, chegando a mostrar as potentes presas. Que escolheu não usar.
Sim. A confiança se estabeleceu. E é mútua.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Um pouco de magia
Elas cairiam pelos seus ombros, se prenderiam nos seus cabelos, grudariam na sua camisa.
Cada flor que ficasse seria um pequeno aviso que você imediatamente compreenderia:
Não tenha medo da chuva, não tenha medo daquilo que pode viver, não tenha medo do que está fora de controle - não existe controle - não tenha medo se nada acontecer, não tenha medo de se aproximar.
Você sorriria feito criança se desvencilhando das florzinhas e a alegria que invadiria seu coração se transformaria em coragem.
E amor.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Nada de palavras
Sente o perfume de baunilha e chocolate.
Tire apenas o sonho que quer.
Veja quantos papeis pequeninos, coloridos e metalizados completam a linda caixinha e a feche com cuidado. Ouça o som abafado do veludo que forra seu interior no instante que a tampa encontra a caixa.
Assopre o sonho-dente-de-leão em direção ao rosto do seu amor.
Beije-o após fitá-lo longamente com um sorriso de agradecimento.
Vivam...
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Performance
Escova os dentes. Tira a camisola, põe o vestido..
Arruma o que está por fora.
Culpa-se. Lamenta-se. Ninguém vê.
Executa há anos a mesma performance, intitulada:
"Nunca desmorone."
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Chuva de água salgada
Ninguém controla nada.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Por mais que doa
Há de se ouvir.
Há que entender.
Doar e doer.
Dobrar e tecer.
Agir e criar.
Crescer.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
"Eu não vi..."
A prioridade passa longe da cabeça.
Qualquer assunto tem mais importância.
Porque só se vê o que interessa...
domingo, 3 de fevereiro de 2013
Nada pior do que não fazer nada...
Como não reagir? Só olhar, nada falar?
Como é que se equilibra esse paradoxo: fazer nada?
Porque fazer é ação e nada é seu contrário.
Fazer nada, portanto, beira as raias do impossível.
Deixar o tempo passar, o barco correr.
Olhar o mar. Olhar da janela.
Espectador
Expectativa.
Esquisito.
Estranho.
Estanque.
Não fazer nada é aceitar dolorosamente.
Que não somos nada.
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Proteção: uma dobra do fora, vida
Calar é fazer dobra.
Parar é fazer dobra.
Dobrar é criar espaço. Para ser preenchido. Para aerar. Para sustentar.
Dobrar é criar marcas para transitar.
Dobrar é mudar a direção de um plano para enfraquecer algo, desacelerar.
Dobrar é manter distância para observar.
E, lentamente, se des-pedir.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
Uma raiz da dor
O órgão precisa do osso.
O músculo precisa da pele.
Cada um com sua membrana.
Várias delas, camadas.
Tênues, frágeis, transparentes.
Vitais.
Dobras no tecido-vida.
Proteção.
Tecido sem dobra não tem aderência.
Não se segura em superfície.
Escorrega. Cai.
Suja. Rasga.
Dói...
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Um dia especial
Ver que estava tudo bem, tudo lindo como sempre.
Gravar palavras na memória, os olhares... A alegria salta, de tão visível!
Isso é tão bom! Aquece a alma.
Idéias, projetos, olhos nos olhos, uma deliciosa constatação de gênero.
E um presente! Lindo! Que se queria há tempos. Na surpresa...
E o "você merece", quase em segredo? Mas ouvido!
Quanto... Amor?
domingo, 27 de janeiro de 2013
Obrigada Senhor
Todo um dia de angústia, começado na madrugada sem saber ao certo que tanta saudade sufocante era essa. Mas estava tudo bem.
Chorar de alívio é bem bom...
E fica nítido o que se sente.
E não se vê a hora de conferir tudinho.
Que Deus proteja e abençoe sempre.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Ensopada até a alma
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Sua vez!
Cata tudo! Malas, sonhos, doces, água, roupas.
Corre! Segue teu coração, teu desejo, teu destino, tua tragédia.
Ri! Alto! É agora ou está perto.
Não perde tempo! Não se vitimize.
Nunca se olhou? Demorou! N - I - N - G - U - É - M tem que cuidar de você.
Escutou o barulho? É a vida te chamando!
Pode morder os lábios!
Fecha os olhos se quiser.
Respira fundo.
E vai!
domingo, 20 de janeiro de 2013
Umas perguntas
A cachorra leva o resto de comida num saco pros outros animais que moram a quilômetros de onde ela consegue a comida. E isso não é amor?
E quando o gato mia pro choro da dona e se enrosca entre as pernas dela, não é amor?
E quando alguém te vê depois de algum tempo e treme pra servir um café, não é amor (e já se sabe que não é Parkinson, nem problema de tireoide)?
E querer o bem independentemente das circunstâncias não é amor?
Quando se sente bem, livre, à vontade com uma pessoa, não é amor?
Quem tem medo do amor, teme o quê?
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Nua rua
Ele estava com a boca aberta; parecia tossir; com dificuldade respiratória.
Tremia a cada passada. E quando parava também.
Cabeça levemente abaixada, tudo era muito difícil: andar, parar, respirar, manter-se em pé. A língua vermelha, sempre para fora. O caminho, sempre em frente.
Para onde ia? Por que seguia? Por que não parava e morria?
Ela estava num carro. Era de dia. Só o cachorro ela via.
Todos na rua, mas só o cachorro e ela é que havia.
Só.
O cachorro e ela.
O cachorro é ela.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Para de
Acreditar
Fantasiar
Explicar
Ansiar
Suavizar
Teorizar
Chamar
Chorar
Parar
Fuçar
Esburacar
Sangrar
Contar
Falar
Pensar
Imaginar
Amar
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
domingo, 6 de janeiro de 2013
Por que não pode?
Amar uma pessoa que sugere tantos caminhos?
Amar uma pessoa que se importa com as mesmas coisas?
Amar uma pessoa tão rara?
Amar uma pessoa que faz o tempo voar?
Amar uma pessoa confusa?
Amar uma pessoa amorosa?
Amar uma pessoa insegura?
Amar uma pessoa vaidosa?
Amar uma pessoa generosa?
Amar uma pessoa que te faz bem? E que te trouxe a cura?
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Perdida
E eis que está por demais difícil escrever o necessário...
Medo, vergonha, saudade, amor, vontade, sofrimento... Juntam-se, espremem-se num espaço em que não poderiam estar.
A cabeça não dá conta de focar no texto. A confusão é inevitável.
E o tempo tá passando e o prazo tá chegando.
Haverá encontro ou não? Sem saber o que é pior!
E a espera mortal.
De coração, achava que ia dar conta de separar as coisas e escrever friamente. Estúpida!
Escapam inspiração, palavras, coesão, coerência. Angu insosso de letrinhas. Papa grossa empelotada de parágrafos.
E a solidão infernal.
E o cansaço, afinal.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Neste ano
Ter-se... Conhecer-se... Resolver-se? Querer-se!
Ver-se.
Mexer-se.
Entreter-se
Ler-se.
Crer-se!
Aquecer-se
Erguer-se.
Tecer-se.
Pedro falou, tá falado!
E ele diz do alto de seus oito anos:
- Mãe, tirando gente, qual a coisa que vc mais gosta? Igual a armário, flor, montanha?
- Pode ser música? - Ela responde perguntando.
- Pode.
- E vc? (Mãe de curioso, curiosa é...)
- Eu gosto de morcego. E de Tecnologia.
- Sexta é dia de brinquedo! - Comunica o atarefado virginiano para sua avó.
- Tem certeza?
- Tenho sim, a professora falou.
- Vc já está na terceira série... Até quando vc vai levar brinquedo?
- Acho que vou levar brinquedo até a faculdade.
E eu desejo que vc queira brincar por toda a vida...- Mãe, vi um homem tão feio na rua! Ele tava inteiro tatuado nas costas, nas pernas, nos braços e nos dedos das mãos. Fiquei com vontade de cantar pra ele:
"Quando Deus te desenhou, ele tava sem borracha, sem apontador e com o lápis sem ponta..."
Mãe, posso ver o DVD que vc me deu na Páscoa? Pode. Mas não foi o Coelho que te deu?
- Não. O coelho de Páscoa só dá ovo. Presente dá vc e o Papai Noel no Natal...
E ele lê o recado da agenda pra mãe, muito solícito:
"Trazer para a próxima aula uma foto 3 vezes 4,
recente"...Ensinado a tocar flauta doce: "Você tem que prestar atenção e colocar os dedos nos edifícios certos..."
Perguntas "básicas": De onde sai a teia da aranha, da laringe? Qual a coisa mais saudável do mundo?
O que realmente importa: (depois de ter retirado o aparelho ortodôntico fixo) "agora sim vc vai poder apertar minha bochecha e eu vou poder comer chiclete!"
Explicando porque não queria brincar com a garotinha: "tenho vergonha de brincar com meninas do sexo oposto"
Mãe, vc é de que signo? Peixes ou Camarões?Por que os malucos gostam de arte?
- Mãe, por que o Presidente da República é rico?
- Ah, sei lá... Porque ele ganha muito dinheiro...
- E por que ele ganha muito dinheiro se ele não faz nada?Comentário sobre a matéria do Fantástico, a respeito do sumiço do Belchior: "mãe, olha o Gopal!"
De que adianta lactobacilos vivos, se quando a gente agita o yacult eles morrem todos?
Mãe, explica EXATAMENTE o que é fé.